A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, disse em nota, ontem (31), que é “cuidadora” de Kajutiti Lulu Kamayurá, a Lulu, de 20 anos, e negou tê-la tirado irregularmente da sua tribo. A ministra normalmente apresenta a jovem como sua filha adotiva, mas a adoção nunca foi formalizada.
O documento foi emitido em resposta a uma reportagem da revista ‘Época’, divulgada ontem. Na matéria, constam depoimentos de membros da aldeia Kamayurá, que fica na reserva indígena do Xingu, no Mato Grosso. Eles afirmam que Lulu foi retirada da tribo irregularmente quando tinha 6 anos.
Os índios contaram à revista que Lulu foi levada da aldeia por Márcia Suzuki, braço-direito de Damares, para fazer um tratamento dentário na cidade, mas nunca mais voltou. Márcia e Damares são fundadoras da ONG Atini, que se afirma como salvadora de crianças indígenas do infanticídio.
“Damares é uma cuidadora de Lulu e a considera uma filha. (…) Como não se trata de um processo de adoção, e sim um vínculo socioafetivo, os requisitos citados pela reportagem não se aplicam. Ela nunca deixou de conviver com os parentes, que ainda moram em Brasília”, consta na nota.
Segundo a ministra, a família biológica de Lulu a visita regularmente e a jovem vai a aldeia: “Ela deixou o local com a família e jamais perdeu o contato com seus parentes biológicos.” Já os índios afirmam que a primeira visita de Lulu só aconteceu há cerca de dois anos.
A nota não mencionou o fato de a ministra não ter adotado a menina formalmente. De acordo com a revista, a adoção de uma criança indígena precisa passar pelo crivo da Justiça Federal e da Justiça comum para estar de acordo com a lei. Adoção, guarda e tutela de indígenas também dependem de aval da Funai.
Foto: Novo Perfil