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nov 25 2014

AFASTADOS OS INTERESSES POLÍTICOS, É FÁCIL ENTENDER O PETROLÃO

RENATO RIELLA

Existe ansiedade exagerada sobre o escândalo denominado de Petrolão, que envolve o desvio de muitos bilhões de reais da Petrobras, a maior empresa brasileira e uma das maiores do mundo.

Vista com frieza, a questão é simples. Foram presos e denunciados dirigentes da Petrobras, em diferentes níveis, que apresentam características de enriquecimento ilícito, com contas milionárias no exterior, alguns deles já submetidos ao regime de delação premiada.

Diante das provas levantadas, inclusive nas denúncias dos presos, acabaram sendo recolhidos à prisão, também, dirigentes das principais empreiteiras do Brasil, aquelas mesmas que há mais de 20 anos dominam todas as grandes obras, muitas delas com projetos fantásticos no exterior.

Falta a maior de todas, a Odebrecht, ainda em fase de investigação interna da Justiça, com perspectiva de novas prisões.

Ficou claro que as construtoras abasteciam os dirigentes da Petrobras com dezenas de milhões para poderem abocanhar projetos bilionários, hoje reconhecidos como superfaturados, que levaram a Petrobras a um buraco financeiro ainda não calculado.

Há notícias não confirmadas indicando que altos nomes da política brasileira, do porte de Renan Calheiros (presidente do Congresso Nacional), podem aparecer comprometidos nessas denúncias.

No entanto, enquanto os denunciados atuais estão sob a ótica da Justiça Federal do Paraná, os parlamentares ou mesmo integrantes do primeiro escalão do governo federal serão acusados noutra escala, no Supremo Tribunal Federal. Essa questão ainda está totalmente sem informação, vista apenas como especulação, embora surjam aqui ou ali nomes famosos envolvidos.

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), negou hoje  que tenha determinado a manutenção da prisão de investigados para forçá-los a fazer acordos de delação premiada. A hipótese foi levantada por advogados de executivos presos pela PF.

Em despacho protocolar no processo, Moro afirmou que as prisões dos investigados foram devidamente fundamentadas. “Se, após a prisão, o investigado decidir colaborar, ou não, com a investigação, trata-se de escolha voluntária dele, que não guarda relação necessária com a manutenção ou revogação da preventiva, o que será decidido à parte.”

O certo é que, entre os presos, já houve compromisso da devolução de grandes fortunas roubadas da Petrobras, o que por si só já parece um ótimo resultado.

No entanto, persistem incertezas. A atual presidente da Petrobras, Graça Foster, embora não apareça como suspeita em nenhuma fase da investigação, passa à opinião pública a imagem de distante do problema ou até de conivente.

Ela se baseia em auditorias independentes de alto nível, contratadas pela Petrobras, as quais ainda não apresentaram diagnóstico dos problemas encontrados.

Com isso, a empresa tem deixado de cumprir compromissos estatutários de informar aos acionistas sobre o desempenho nos últimos trimestres.

Além disso, as ações da Petrobras na bolsa local e no mercado internacional têm despencado de preço, o que gera revolta e pode ocasionar punição dos órgãos internacionais que controlam essas operações.

Portanto, o que existe de concreto sobre o escândalo da Petrobras é tudo isso. No mais, há muita especulação política, que só o tempo poderá confirmar ou não.

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