RENATO RIELLA
Foi preciso acontecer uma cena tosca (a prisão de um agente de trânsito armado por um bombeiro desarmado) para que o Tribunal de Justiça do DF determinasse que o pessoal do Detran não pode andar por aí com revólveres no coldre.
A decisão ocorreu a partir de questionamento do Ministério Público do DF e poderá ser contestada em outras esferas da Justiça, mas demonstra a inconstitucionalidade dessa prática.
Na verdade, a categoria dos agentes de trânsito tem ótima mobilização política e, graças a isso, consegue coisas incríveis na Câmara Legislativa, entre os quais uma realidade salarial quase em nível de Senado ou de Tribunal de Contas.
Os agentes de trânsito impediram, por exemplo, que fosse implantada a Companhia de Trânsito, no Detran, que chegou a ser aprovada pela Câmara e revogada, após muita pressão.
A categoria dos agentes de trânsito, muito organizada, também estabeleceu uma concorrência feroz com o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar.
Em outras épocas, este Batalhão teve atuações memoráveis, mas vem sendo desprestigiado por sucessivos governos ruins. Foi, inclusive, o principal responsável pelo sucesso das faixas de pedestre, a partir da década de 90.
Espera-se que a questão do desarmamento leve o governador Rodrigo Rollemberg a rediscutir o papel dos agentes de trânsito.
Na verdade, o certo é reinstalar a PM nessa ação de rua, ficando os policiais responsáveis pelas blitzen e pelas abordagens, situações que eles sabem enfrentar com instrumentos apropriados.
A categoria dos agentes de trânsito, com menor número de integrantes e com remuneração muito superior, deve ter um papel específico, como a Polícia Civil, deixando as ações policiais para quem entende disso.
