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nov 30 2023

Amazônia Legal tem taxas de assassinatos 45% superiores à média nacional

Portal Governo do Amapá - Força-Tarefa de Segurança Pública prende suspeito  de comercializar ilegalmente armas de fogo no Amapá

O elevado patamar da violência letal e a presença de facções criminosas são hoje os principais problemas na área de segurança pública enfrentados pela população que vive nos estados que compõem a Amazônia Legal.

É o que aponta a última edição do estudo “Cartografia das Violências na Amazônia”, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Mãe Crioula (IMC), sediado em Belém (PA). Segundo a publicação divulgada hoje (30), a região apresentou taxas de mortes violentas intencionais 45% superiores à média nacional, num total de 9.011 homicídios em 2022.

Por meio de pesquisas de campo, os pesquisadores também traçaram mapas que indicam uma forte presença de ao menos 22 facções criminais em 178 municípios, que hoje abrigam 57,9% dos habitantes da Amazônia Legal. A publicação também mostra que as mulheres da região estão mais expostas à violência, com taxas de feminicídio, homicídios e estupros acima da média nacional. O estudo foi preparado também para apresentação na COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

“A presença do crime organizado e a violência extrema são hoje as principais ameaças à soberania da Amazônia brasileira. As facções cada vez mais ocupam os espaços deixados pelo Estado, por meio de atividades até então lícitas, como o garimpo e a extração de madeira, financiadas pelos gigantescos recursos gerados pelo tráfico de drogas transcontinental”, explica o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima.

“Existe uma presença do Estado nas grandes áreas urbanas, mas isso não é suficiente para enfrentar a violência letal no interior da Amazônia, tampouco para combater a concorrência com esses grupos criminosos, que acabam regulando a vida social de populações, com a oferta de emprego e renda em atividades ilícitas que garantem sua segurança e sobrevivência”.

A taxa de mortes violentas intencionais (homicídios dolosos, latrocínios, mortes decorrentes de intervenção policial e morte de policiais) na Amazônia Legal foi de 33,8 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes em 2022, contra 23,3 no restante do Brasil; ou seja, 45% maior na comparação. Essa diferença se deve, em grande parte, a um processo de interiorização da violência na Amazônia Legal: o número de assassinatos cresceu 7,3% nas cidades rurais, enquanto houve queda do mesmo indicador nas cidades urbanas (0,8%) e nas intermediárias (0,6%) da região.

Todos os estados da região apresentaram taxas de violência letal acima da média nacional em 2022, com destaque para o Amapá, com taxa de 50,6 mortes por 100 mil habitantes, seguido por Amazonas (38,8), Pará (36,9), Rondônia (34,3), Roraima e Tocantins, ambos com taxa de 30,5 mortes por 100 mil, Mato Grosso (29,3), Acre (28,6) e o Maranhão, com taxa de 28,5 por grupo de 100 mil habitantes.

“Grupos criminosos já existiam na região, mas foram potencializados com a chegada das facções de São Paulo e do Rio de Janeiro interessadas em ocupar territórios ou fazer novas alianças para atuação no comércio da droga escoada pelas fronteiras, o que dá um pouco a dimensão da importância estratégica da região para a geopolítica do narcotráfico”, afirma Aiala Colares Couto, pesquisador sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e diretor do Instituto Mãe Crioula.

“Garimpo e extração de madeira ilegais também já eram comuns na região, mas a chegada das facções permitiu novas conexões e relações, com o narcotráfico passando a utilizar uma parte dessa estrutura, sobretudo as pistas clandestinas, para alavancar seus negócios”.

Informações do Sistema Nacional de Armas, alimentado por dados da Polícia Federal, revela que o número de registros ativos de armas de fogo cresceu 47,5% no Brasil como um todo, entre 2019 e 2022.  A mesma fonte informa que tal indicador cresceu muito mais na Amazônia, no mesmo período: 91%. Em números absolutos, havia 115.092 registros de armas de fogo ativas em 2019. Três anos depois, o número saltou para 219.802.

Fonte: Ascom – Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Foto: Governo do Amapá

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