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jan 03 2020

ANÁLISE: O MISTÉRIO DE CARLOS GHOSN

CARLOS MARCHI

Não tinha conceito pessoal sobre Carlos Ghosn, a não ser uma leve simpatia por ele ter nascido em Guajará-Mirim.

A imagem dele não ajuda: sobrancelhas bem arqueadas, um olhar esgazeado à Cerveró, um ar de certa arrogância.

Num dado momento, oscilei pró-Ghosn outra vez, por reconhecer sua invejável trajetória de executivo.

De fato, ele projetou a Nissan às alturas em pouco tempo – de montadora mediana à condição de gigante mundial.

Em movimento ingrato, parecia que o Japão lhe cobrava pelo “crime” de ser competente e formatar o acordo com a Renault.

Isso piorou com as investigações oficiais. Pareceu que os japoneses tinham ódio dele e queriam trucidá-lo.

Aí ele respondeu com uma chave de galão à James Bond, ao fugir denunciando com lógica o sistema judiciário japonês.

Agora vai escrever um livro crucificando o sistema judiciário que o perseguiu. O livro vai virar filme.

Os japoneses, que não fazem papel de bandido desde o fim da Segunda Grande Guerra, serão os grandes vilões.

E não terão defesa que responda ao ataque.

A versão de Ghosn será avidamente saboreada; a eventual resposta não terá nenhum interesse ou charme.

Enfim, tudo indica que os japoneses perderam feio.

 

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