EMERSON SOUZA
Um dos maiores crimes cometidos nos últimos tempos foi o descaso, a negligência e a irresponsabilidade dos mais diversos setores governamentais com a conservação e manutenção do Museu Nacional na Quinta da Boa Vista, no Rio.
Ao completar 200 anos guardando um acervo de 20 milhões de peças e ocupando um prédio onde funcionou a sede da monarquia, recebeu de presente a sua destruição, em decorrência, principalmente, da falta de manutenção e repasse de verbas.
É com esse descaso e “lixe-se a história” que acabamos de perder o museu mais antigo do país.
Essa é a forma com que autoridades vêm tratando a memória histórica, o conhecimento e a pesquisa nesta terra.
Riquíssimo acervo histórico, antropológico, arqueológico, etnográfico e de História Natural reconhecido internacionalmente foi perdido.
A maior coleção egípcia da América Latina, peças do período pré-colombiano, mediterrâneo e grego, além de farto material cultural africano viraram cinzas.
Além disso, uma biblioteca insubstituível, com raríssimas obras e pesquisas em andamento se foram.
O museu precisava de R$600 mil/ano para sobreviver modestamente, porém, as autoridades ligadas ao setor preferiram destinar, entre outras barbaridades, R$ 1.526.536,35 para a produção de um documentário sobre a vida do condenado a 30 anos e 9 meses José Dirceu, por corrupção entre outros crimes.
Ou, ainda, destinar R$ 4, 1 milhões para uma turnê de Luan Santana, ou R$5,8 milhões para uma outra de Cláudia Leite, entre outros absurdos.
A história está de luto.
Punam-se com rigor todos aqueles que, diretamente por omissão ou por outros meios, permitiram um “museumicídio”, tolhendo gerações e gerações de conhecimento, cultura, pesquisa e memória histórica.
Neste 3 de setembro, todos os ramos da ciência e da história se vestem de negro.
Meus pêsames, Brasil.