VICTOR ALEGRIA
Finalmente aconteceu aquilo que há anos eu já previa.
E qualquer pessoa de bom senso sabe que o monopólio rodoviário não pertence ao Brasil. Se nada for feito, continuaremos à mercê de qualquer tipo de governo e de qualquer movimento reivindicativo, que por maior razão que tenha produz estragos e torna cada vez mais difícil a nossa recuperação.
Publicamos na Thesaurus um livro absolutamente esclarecedor, sobre a necessidade da tecnologia que possuímos a mais de um século na construção de estrada de ferro.
Essa tecnologia ainda há relativamente pouco tempo fez com que o orçamento do Batalhão Ferroviário do Exército fosse mais barato 70%, numa concorrência pública.
Ora, somos um país continental. Se olharmos o mapa mundi, verificamos que países adiantados tecnologicamente continuam a usar transporte de cargas pela estrada de ferro.
Um único trem de carga equivale a mais de 400 caminhões e o seu custo é infinitamente mais barato.
Certo que a sua conservação precisa de assistência, mas poderá competir em velocidade até com aviões de pequeno porte, ajudando a unir esse grande cosmos que é o espaço brasileiro.
A circulação das nossas riquezas transportadas pela estrada de ferro nos daria de imediato a supremacia mundial nos produtos agrícolas – soja, milho, trigo, aveia, etc… e um acesso aos portos numa rapidez que, conjugada com navios de cabotagem mais rápidos, poderia levar o Brasil, pelos seus produtos agrícolas, a ser uma potência amiga de todos os países que têm dificuldade de abastecimento na área de alimentação.
Essa estratégia tem de se apoiar inicialmente na reserva de tecnologia que temos e que parece que, de propósito, está sendo relegada às calendas gregas.
O cruzamento do Brasil por estradas de ferro, usando as mais modernas tecnologias, poderá aumentar extraordinariamente o emprego e aquilo que o Brasil hoje luta para ter: produtividade.
Uma estrada de São Paulo ao Rio seria percorrida em menos de duas horas. E uma estrada que ligasse São Paulo à capital do Brasil não demoraria mais do que 8 horas. Unindo a produção estratégica daquele grande estado às mais produtivas terras do Brasil interior.
Em vez de exportarmos matéria prima in natura, poderíamos exportar produtos acabados e semiacabados, sem cair na esparrela de mandarmos para o exterior produtos que virão com
valor agregado sem grande qualidade, sem fiscalização, e certamente, propiciaram negócios exclusos (trocar minério de ferro por trilhos de aço que não aguentam um vagão de carga).
O petróleo que temos é caro para extrair e, certamente, seria muito mais útil em produzir adubos, plástico, e uma infinidade de produtos acabados, do que ser simplesmente queimado e poluindo a nossa atmosfera.
Reparem bem que não temos um único fabricante nacional de carros e caminhões. Tudo é estrangeiro, mas penso que essa tecnologia poderá gerar nas nossas universidades o incentivo à engenharias mecânica e elétrica, a criatividade que precisamos para crescer mais ainda.
Por que não lançarmos trens de passageiros e de cargas movidos a energia solar?
Temos tudo para darmos um exemplo ao mundo, e uma base real para milhares de empregos baseados nas mais modernas tecnologias científicas.
Por isso preconizamos uma grande união entre um Estado com preocupações sociais e a Iniciativa Privada, que pode ganhar dinheiro sem o recurso à corrupção e propina.
Temos tudo à nossa disposição, mas temos que pensar seriamente numa educação de base de alta qualidade. Pois, como já é sabido, não se sabe de maneira geral a tabuada, nem a matemática tem o incentivo que deveria ter.
Agora estamos presenciando uma pequena parte da crise. Esperamos que não gere convulsões sociais. Não há que partidarizar ciência e tecnologia. Mas sim todos têm de se unir à volta das palavras qualidade e eficiência.