ADELMIR SANTANA
Espera-se dos governantes, políticos e demais autoridades de Estado a prática de uma conduta ilibada e em obediência às normas da função. Em outras palavras, isso demonstra apreço pelas instituições democráticas.
Mas nos dias de hoje, de crise de valores, poucos parecem se importar com essa atitude, tampouco com a liturgia do cargo. Muitos sequer têm uma compreensão exata sobre os papéis que exercem, se mostrando numa total falta de sintonia com os Poderes e cidadãos que representam.
Infelizmente, esse é um sinal claro de deterioração da nossa democracia e de como algumas tradições se perderam pelo caminho.
Hoje, poucos políticos e ministros de Estado fazem questão de participar de solenidades alusivas à Semana da Pátria ou à Independência do Brasil, como pudemos testemunhar nos últimos dias.
Alguns pensam que ir ao desfile na Esplanada dos Ministérios é o bastante. Outros nem isso fazem.
A ausência de autoridades também é sentida em cerimônias tradicionais promovidas por entidades representativas da sociedade civil e do setor produtivo.
Muitos parlamentares faltam, inclusive, reuniões de trabalho em suas respectivas casas legislativas. O que dizer então do esvaziamento de atos cívicos e sessões solenes, faltas cada dia mais frequentes.
É bem verdade que não podemos generalizar. Alguns poucos, talvez os mais experientes, têm orgulho de representar seus Poderes e cultuam muitas tradições brasileiras. Sabem que incentivar os símbolos da pátria é uma forma de exercitar o patriotismo.
Sabem também que respeitar ritos, costumes ou rotinas engrandece suas próprias funções.
Em última instância, participar de determinados encontros ou compromissos sociais não pode ser visto como uma mera formalidade.
Pelo contrário, é algo inerente a missão pública destas pessoas, uma forma de se aproximar do cidadão e um dever na busca pelo fortalecimento da nossa democracia.
—Adelmir é presidente da Fecomércio-DF
