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mar 23 2020

ARTIGO: O mundo já estava chato e ficou insuportável

RICARDO MARQUES

Depois do Covid-19, a vida como conhecíamos se revoluciona. São mudados completamente os hábitos e rotinas da humanidade.

O convívio social, numa interrupção abrupta gerada pela pandomia, coloca milhões de pessoas em quarentena dentro de casa.

Segundo o professor e especialista em história mundial Yuval Noah Harari, no seu famoso best-seller “Uma breve história da humanidade”, a estrutura da nossa civilização se dá a partir do convívio social, em especial na arte de fazer fofoca.

No século XXI, acredito que o coronavírus fará com que o desenvolvimento comportamental, cultural, cientifico, econômico e tecnológico transforme absolutamente o modus operandi do homo sapiens.

O trabalho, na sua maioria, será à distância, na modalidade de home office.

Escritórios e espaços físicos ficarão vazios e obsoletos. As pessoas ficarão reclusas e envolvidas em grupos menores, com distanciamento social cada vez maior.

O “Não é Não” será implementado até mesmo na menor das situações. Os vizinhos passarão a ser mais desconhecidos. Os namoros, noivados e casamentos serão conhecidos apenas nas bibliotecas e livros de história.

A vida será de isolamento – e depressiva. Bom para os psicólogos, religiosos e autores de autoajuda, especialmente em cursos on-line, streamings e entretenimento pela internet.

Haverá muitos desempregados. Provavelmente, trabalhadores sem especialização terão que procurar emprego nos setores de logística e armazenamento, ou nos aplicativos de entrega domiciliar.

O sexo será com bonecas infláveis, esterilizadas. E os cultos, em pequenas células, ou on-line.

Fico imaginando os grandes estádios construídos para mais de 50 mil pessoas. O que fazer com esses elefantes brancos?

Os jogos de games se intensificarão e os debates serão realizados por uma espécie de vídeoconferência.

Muito chato!

Ainda bem que vivi os anos 70, 80 e 90. Brinquei na rua, descalço, saí na porrada com outros garotos, soltei pipa, joguei pião, bola de gude e brinquei de carniça…ops!

Namorei no cinema, mexia com as meninas, que não se importavam em ser “assediadas”. Chamava os gays de viadinhos e o negro de negão.

Bebia e dirigia. Xingava, ia nos estádios, nos shows, e abraçava e beijava todo mundo, no Rio de Janeiro, sempre cumprimentando com dois beijinhos.

Porra, hoje estamos discutindo tipo de máscaras e microns, álcool gel, desinfecção de superfícies e, se alguém encostar, me desespero, levo as roupas para higienizar!

Não quero ficar próximo da minha mulher…, e em alguns casos, há quem esteja na mesma situação, considerando isto uma bênção, quanto mais a depender do cunhado e da sogra que têm.

Político e religiosos estão apreensivos. Os primeiros porque precisam de pessoas para abraçar, apertar mãos, preferencialmente crianças e idosos. As igrejas, templos e terreiros ficarão sem adeptos e membros.

Neste momento, penso nas grandes estruturas, como o Templo de Salomão, da Igreja Universal, ou outros espaços para receber cinco mil pessoas.

Terão que repensar seus projetos.

Os transportes e os deslocamentos de pessoas vão mudar. Vão mudar a cultura e o turismo, e a rede hoteleira.

Vamos provavelmente visitar locais e participar de shows por realidade virtual e aumentada.

Aeroportos, rodoviárias, estações de metrô, mesmo os táxis e aplicativos sofrerão com a mudança. As pessoas irão circular menos.

Terroristas provavelmente investirão em armas biológicas e os vírus e bactérias mortais serão despejados nos EUA.

As indústrias de biotecnologia e a ciência serão valorizadas e, definitivamente, Jeff Bezos, mesmo após o divórcio mais caro da história, será o homem mais rico do planeta.

Desinfetar ambientes, roupas, objetos, ruas, espaços públicos e privados será de necessidade básica. Estamos com transtorno obsessivo compulsivo. Não vamos entrar em banheiros públicos sem selo de certificação ou hospitais que não demonstrem estar esterilizados.

Viraremos especialistas em microrganismos!

Câmeras e biometria com reconhecimento facial impedirão o acesso, caso não estejamos limpinhos para entrarmos em determinados locais e até mesmo de conversar com pelo menos um metro de distância.

Depois que a cerveja passou a nos envenenar e matar, agora a única alternativa é nos lambuzar, como zumbis, em álcool gel.

Pelo menos os filmes de Hollywood foram produzidos por profetas. Na quarentena, vou assistir filmes de ficção e terror, como dramas e romance.

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