Caetano, numa foto quase menino
HELIO FERNANDES
Mal aberta a vaga, menos de 24 horas depois, surgem os nomes dos dois grandes compositores. Cabem perfeitamente e até ultrapassam o espaço da própria Academia.
Não são apenas compositores e sim notáveis personagens. Esse apenas não é restritivo; pelo contrário, é acumulativo e engrandecedor.
Só que, pela história que vou contar, inédita, Caetano deverá ou deveria ser candidato único. Chico já recusou a Academia. Há 10 anos, o próprio presidente da “casa” convidou-o para ser acadêmico, como candidato único.
A resposta de Chico Buarque deixou o então presidente da Academia desolado, mas sem poder fazer apelo ou retificação. Eis o fato, histórico, com grandes personagens.
No “estado novo”, o ditador Getulio Vargas resolveu entrar para a Academia. Nunca escreveu nada. Sua base eram 40 volumes de discursos escritos por variados redatores. Além do mais, um ditador.
A Academia aceitou e vibrou com a candidatura negativa. Nenhum protesto de alguém vestindo o fardão tradicional.
Mas, de fora, um manifesto de grande repercussão, assinado por três personagens que estariam na Academia quando bem entendessem: Érico Veríssimo, Gilberto Freyre e Sergio Buarque de Holanda.
Além da crítica duríssima à concordância e à subserviência da Academia, o compromisso dos três: “Jamais aceitaremos participar de uma Academia que aceita um ditador em plena ditadura”.
PS- Chico Buarque, filho do grande Sergio, mostrou a razão de não poder entrar para a Academia.
PS2- A Academia está livre e honrada para eleger Caetano Veloso.