As mulheres são a maioria dos trabalhadores em teletrabalho potencial (cerca de 58%), mas os homens são responsáveis por mais da metade (54,5%) da massa salarial desse regime laboral.
A pesquisa, intitulada “Os Condicionantes do Teletrabalho Potencial no Brasil”, evidencia que o trabalho remoto é mais factível entre indivíduos com muita instrução: metade dos alocados nessas ocupações tem, pelo menos, ensino superior completo (58,2%). A faixa etária mais passível de atuar remotamente é de 20 a 49 anos, com mais de 70% do total. Em particular, a maioria desse grupo populacional (29,1%) tem entre 30 e 39 anos.
“Os resultados sugerem um perfil específico do trabalhador para o qual o teletrabalho seria mais factível. Pessoas brancas, mulheres, com nível superior completo, atuantes no setor formal e no setor público são os ocupados com a maior chance estimada de estarem nesse regime laboral”, explica o pesquisador do Ipea Geraldo Góes, um dos autores do texto.
O setor informal é minoritário no teletrabalho potencial, representando cerca de 30% desse contingente. A análise por categoria de atividade econômica revela uma concentração no setor de serviços: do total de alocados em ocupações potencialmente remotas, 53,1% atuam nessa área. Em seguida, aparece o setor público, com 26,5%, a indústria (11,2%) e o comércio (8,8%).
Os pesquisadores constataram que indivíduos pretos ou pardos são a maioria dos ocupados em trabalhos remotos potenciais nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. No Sul e no Sudeste, os brancos são maioria. Os dois extremos são justamente as regiões Norte e Sul: na primeira, 73,8% das pessoas em teletrabalho potencial são pretas ou pardas, enquanto na segunda 88% são brancas.
O recorte por região mostrou que mais da metade da população passível de trabalhar remotamente encontra-se na região Sudeste (10,8 milhões), seguida pelas regiões Sul (3,4 milhões), Nordeste (3,8 milhões) e Centro-Oeste (1,7 milhão). A região Norte apresentou a menor população em termos de possibilidade de teletrabalho, com 800 mil pessoas.
O levantamento inclui também dados mensais sobre gênero, raça/cor, escolaridade, idade, setor de atividade, além do percentual da massa de rendimentos por atividade econômica para o Brasil durante o primeiro trimestre de 2022. Foram utilizados números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos recortes Brasil e macrorregiões.
Fonte: Ipea
Foto:CNI