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jun 02 2016

COMENTÁRIO SOBRE O ESTUPRO DO RIO

RUY FABIANO

Não sei se o tal estupro coletivo do Rio aconteceu ou não, dúvida levantada pelas investigações.
Mas foi à notícia de que tinha acontecido que houve a fortíssima – justa e inapelável – reação não apenas do público feminino, mas também do masculino (pelo menos o civilizado).
Se não ocorreu, é questão pontual, que caberá aos investigadores esclarecer. O que importa aqui é o debate que suscitou.
Não é uma causa feminista: é humanitária, civilizatória, acima de questões ideológicas.
Estupro é barbárie – e é o grau extremo de algo que ocorre com muito mais frequência (e é visto com banalidade) em todas as classes sociais e nos mais diversos ambientes: trabalho, lazer, escolas, universidades.
Passar a mão, agarrar, fazer propostas indecorosas, dizer gracejos de mau gosto a uma mulher pelo simples fato de que ela o atraiu é conduta corriqueira e considerada legítima por muitos homens. Mais do que se imagina – e, repito, em todas as classes sociais. Abominável. Uma coisa é a paquera, a aproximação consentida; outra, o assédio. E outra ainda a difamação, exposição pública (contar vantagens aos amigos, postar na internet), tendo ou não sido contemplado em seus desejos.
O assédio é a véspera do estupro – e, do ponto de vista moral, muitas vezes, equivalente. Confundir liberalidade de costumes com o vale-tudo, em que a intimidação da força bruta é a arma de conquista, é um retrocesso civilizatório. Homem que não respeita mulher não merece tê-la, sob nenhuma hipótese.
Não há teoria da relatividade quanto a isso.

 

 

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