CARLOS MARCHI
Antes de falar qualquer coisa sobre política externa, Bolsonaro deveria escolher um chanceler e definir uma política completa.
Política externa tem armadilhas complexas.
Numa afirmativa gratuita e estapafúrdia, ele disse que vai transferir a embaixada do Brasil para Jerusalém.
Há dois equívocos aí.
O primeiro é que o Brasil não tem a menor razão estratégica para tomar partido no confronto árabe-israelense.
Tomar partido é aderir de forma subserviente e um tanto colonizada às tolices que Trump detona em Washington.
O segundo é que essa posição implica objetivamente em dificuldades com os países árabes.
Aos números.
Em 2017, o Brasil exportou US$ 13,6 bilhões para países árabes, em especial açúcar (US$ 4,6 bi) e carnes (US$ 3,6 bi).
Teve um superávit comercial de US$ 6,2 bilhões.
No mesmo ano, o comércio com Israel anotou US$ 223,6 milhões de exportações e US$ 7,5 milhões de importações.
Com um lado, são bilhões. Com o outro, são milhões.
Não dá pra comparar.