O avanço na vacinação contra a Covid-19 no Distrito Federal, que abrange a aplicação da dose de reforço, esbarra em um gargalo da campanha de imunização: pelo menos 306.616 pessoas que já deveriam ter completado o esquema vacinal não voltaram aos postos de saúde para tomar a segunda dose.
O montante representa 10,04% de toda a população da capital federal. Os dados são do levantamento semanal do Ministério da Saúde. Em todo o país, são 20.386.683 atrasados.
O epidemiologista Wanderson Oliveira considera o índice alarmante, pois as pessoas que não receberam a imunização estão mais vulneráveis.“Essas pessoas que não tomaram a vacina não estão completamente protegidas. Caso peguem a doença pela primeira vez, podem desenvolver complicações. Já como medida de saúde pública, é preocupante, porque tem implicações inclusive no planejamento da campanha, pois tem que reservar dose para aquela pessoa, o que acaba atrasando todo o processo de vacinação”, disse.
Com uma dose, as vacinas já conferem proteção, em taxas diferentes. Contudo, a eficácia mais robusta, para proteger contra casos graves da infecção, só é desenvolvida pelo sistema imunológico com a segunda aplicação. Por isso, Oliveira ressaltou que a proximidade das festas de fim de ano com uma população apenas parcialmente imunizada preocupa. “As pessoas vão querer passear, viajar, podendo transitar, levando cepas daqui a outro lugar e vice-versa”.
As causas para os atrasos vão desde questões ideológicas a logísticas. A gerente de áreas programáticas da secretaria de Saúde, Carine Rodrigues, atua no na linha de frente da aplicação das vacinas e percebe que há resistência a elas.
“Tem pessoas que ficaram com medo de tomar a segunda dose porque tiveram uma reação normal na primeira”, ponderou. “Entra também ideologia política de ser contra a vacina, isso tem influência sobre a população”.