Em 2021, ocorreram cerca de 1,5 milhão de novas infeções de HIV no mundo. O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids, revela que o número está um milhão acima do total projetado para o período nas metas globais.
O relatório intitulado Em Perigo revela que uma pessoa morreu a cada minuto, totalizando 650 mil mortes por complicações causadas pela Aids no ano passado. Essa realidade ocorreu apesar de haver tratamento eficaz para o HIV e ferramentas para prevenir, detectar e tratar infecções oportunistas.
As disparidades acentuaram-se dentro e entre países nos dois anos da pandemia. O relatório enfatiza que a crise vem atrasando o progresso na resposta ao vírus que provoca a Aids e está ampliando ainda mais as desigualdades.
Em termos de novas infeções, mulheres jovens e meninas adolescentes foram afetadas de uma forma desproporcional. Uma infecção ocorreu a cada dois minutos durante o ano passado.
A realidade da Covid-19 combinada a outras crises globais deteve o progresso ao diminuir os recursos e a ação contra o HIV “colocando milhões de vidas em risco”, destaca o documento lançado antes do início da Conferência Internacional da Aids nesta sexta-feira em Montreal, Canadá.
As novas infeções aumentam em regiões como Europa Oriental e Ásia Central, Oriente Médio, norte da África e América Latina. Na Ásia e Pacífico, a mais populosa do mundo, os casos estão em alta alarmante onde estavam caindo.
Na África Oriental e Austral, o ano passado marcou o abrandamento significativo depois dos avanços consideráveis observados nos anos anteriores. Há boas notícias na África Ocidental e Central e no Caribe, onde ocorre um declínio notável de novos casos de HIV.
O relatório alerta que, mesmo assim, a resposta ainda tem sido ameaçada por uma crise de recursos cada vez mais acentuada.
Para a diretora executiva do Unaids, Winnie Byanyima, os dados mostram que a resposta global à Aids corre grande perigo. Se o mundo não acelerar no progresso, está perdendo terreno, à medida que a pandemia avança em meio à Covid-19, aos deslocamentos em massa e a outras crises.
A chefe da Unaids pediu que o mundo se lembre que há milhões de mortes evitáveis que se tentam travar.
De acordo com a agência da ONU, o impacto do HIV na questão de gêneros, particularmente para jovens mulheres e meninas africanas, se revela na interrupção do tratamento essencial e acesso a serviços de prevenção. Milhões de meninas ficaram fora da escola devido à pandemia e houve recordes em casos de adolescentes gravidas e vítimas da violência.
Entre homens que fazem sexo com homens o risco de contrair o vírus é 28 vezes mais alto, em comparação com pessoas da mesma idade e sexo. Entre pessoas que injetam drogas o risco chega a 35 vezes.
Em relação aos profissionais do sexo, o risco de infecção chega a ser 30 vezes maior, enquanto em mulheres transexuais pode chegar a 14 vezes.
As taxas de infecção são mais altas em comunidades indígenas do que em comunidades não indígenas em países como Austrália, Canadá e Estados Unidos.
O relatório também aponta fracassos nos esforços para garantir que todas as pessoas que vivem com HIV tenham acesso à terapia antirretroviral. O número de tratados cresceu de forma mais lenta em 2021 do que em mais de uma década.
Estima-se que 75% do total de infetados tenham acesso ao tratamento antirretroviral. Outros 10 milhões não recebem o tipo de terapia.
A publicação alerta ainda que apenas 52% das crianças recebem os medicamentos. A disparidade na cobertura de tratamento entre crianças e adultos vem aumentando em vez de diminuir.
Fonte: ONU News
Foto: Divulgação/ Unaids