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out 03 2018

Em debate morno, candidatos ao GDF fazem promessas e atacam rivais

METRÓPOLES

O clima foi morno no debate entre sete candidatos ao Governo do Distrito Federal (GDF) nesta terça-feira (2/10). Enquanto se enfrentaram no evento promovido pela TV Globo, os buritizáveis insistiram em propostas feitas anteriormente e, nos poucos momentos de tensão, fizeram ataques frisando o calcanhar de Aquiles de cada um dos adversários.

Foram convidados para a troca de ideias Alberto Fraga (DEM), Eliana Pedrosa (Pros), Fátima Sousa (PSol), Ibaneis Rocha (MDB), Júlio Miragaya(PT), Rodrigo Rollemberg (PSB) e Rogério Rosso (PSD).

Do lado de fora da emissora, apoiadores da candidatura de Rosso fizeram um “velório” para o governo de Rollemberg. O grupo aproveitou o caixão deixado por Alexandre Guerra (Novo), durante protesto por não ter sido convidado para o debate, para simular o sepultamento da gestão do atual governador.

Primeiro bloco
No início do debate com tema livre, o primeiro a perguntar foi Miragaya, que questionou Ibaneis sobre a promessa de gerar 100 mil empregos isentando empresários de impostos, como ISS e ICMS. O emedebista confirmou a iniciativa, mas foi chamado de “Inganêis” pelo petista, que classificou a medida de inviável.

Depois, Eliana questionou Miragaya sobre projetos de infraestrutura para o DF. Tanto o petista quanto a candidata do Pros disseram que a capital federal carece de iniciativas para melhorar a situação local. Uma das soluções apontadas por ambos foi a construção de linhas férreas interestaduais.

Em seguida, Fraga disse que Ibaneis tem R$ 300 milhões para receber em precatórios e questionou se seria correto ele, como governador, receber esse dinheiro. O emedebista afirmou que “mesmo tendo direito”, abrirá mão dos honorários quando o dinheiro for liberado.

O próximo a perguntar foi Rollemberg. O candidato à reeleição quis saber as propostas de Fátima Sousa para mobilidade urbana. A postulante do PSol falou que pretende investir em trens, ciclovias e melhorias no transporte de ônibus. O governador, na réplica, salientou que no governo dele foi implementado o bilhete único e disse, ainda, que vai ampliar o metrô em Ceilândia.

Fátima permaneceu na bancada para interpelar Eliana: ela se disse “preocupada” por não saber quem a rival apoia para a Presidência da República. Eliana retrucou que ainda não se decidiu em quem votar para o Planalto. Fátima completou que é preciso se definir e reforçou o voto no presidenciável do PSol, Guilherme Boulos.

Na sequência, Ibaneis chamou Fraga e perguntou como ele pretende se relacionar com as instituições dos Poderes, uma vez que o democrata chamou de “ativista LGBT” o juiz que o condenou por cobrança de propina na época em que era secretário de transporte. Fraga partiu para o ataque, e afirmou que o rival usa o dinheiro para “comprar pesquisas” e barrar ações contra o emedebista no Judiciário.

Ibaneis contestou: disse que não tem condenação judicial e desafiou Fraga a provar as acusações feitas. O democrata disse que o adversário responde a uma suposta denúncia de desvio de recursos da Câmara Legislativa.

Rosso foi o próximo. Ele questionou Eliana sobre propostas para educação e disse que vai credenciar igrejas e construir creches para zerar o déficit de vagas para crianças de 0 a 3 anos. A candidata concordou com o deputado federal, e endossou que é necessário também valorizar os professores.

Segundo bloco
O segundo round foi dedicado às perguntas com temas sorteados ao vivo. O primeiro a ser questionado foi Rollemberg: Rosso perguntou sobre uso e ocupação do solo. O candidato do PSD afirmou que em seu eventual governo não haverá “derrubadas truculentas”, irá extinguir a Agência de Fiscalização do DF (Agefis) e realocar os fiscais nas administrações regionais. Por outro lado, o postulante do PSB afirmou que irá fortalecer o órgão porque quer “uma cidade organizada”.

Rosso afirmou ser uma “crueldade” derrubar casa e igreja. Rollemberg rebateu dizendo ser “muito humano”. “Se hoje as pessoas estão resolvendo asfalto na porta de casa, é graças à regularização”, acrescentou.

Em seguida, Ibaneis e Fátima debateram sobre saúde. A docente universitária ressaltou que o partido do advogado, o MDB, foi responsável por congelar os gastos públicos, com a Emenda 95. Ibaneis disse que, caso seja eleito, irá “racionalizar os investimentos” e tirar “a saúde do DF da UTI”. Fátima pediu para a questão ser tratada com respeito. “Precisamos implantar o SUS de verdade”, completou.

A concessão de equipamentos públicos foi tema de embate entre Rosso e Miragaya. Rosso se mostrou a favor de parcerias com a iniciativa privada para construir centros olímpicos e outros empreendimentos em terrenos inutilizados de escolas. Após Rosso declarar que seu voto para a Presidência da República é de Jair Bolsonaro (PSL) — embora sua coligação apoie formalmente Alvaro Dias (Podemos) — Miragaya disse que o candidato à Presidência da República é um “retrocesso” e lamentou a opção.

O tema definido para Eliana e Fraga foi fomento ao turismo. O democrata defendeu a revitalização de centros culturais e o turismo cívico da capital da República. Eliana disse que é preciso trazer eventos nacionais e internacionais nas áreas esportiva e cultural, além de divulgar a arquitetura do Distrito Federal.

Depois, Fátima e Miragaya trocaram ideias sobre as políticas para o Entorno. Enquanto Miragaya declarou que pretende institucionalizar a Área Metropolitana de Brasília a fim de receber recursos do governo federal, Fátima afirmou que ampliará, em eventual mandato, Passe Livre Estudantil para alunos das cidades vizinhas.

Para Rollemberg, Fraga perguntou por qual motivo não foi concretizada a promessa de expandir o metrô. “Não fizemos mais porque faltaram recursos”, explicou o governador. Fraga aproveitou a réplica para lembrar de medidas tomadas no governo de José Roberto Arruda (PR), no qual foi Secretário do Transporte. “Congelei as passagens por três anos e colocamos 900 ônibus com acessibilidade”, listou.

Depois de Fraga dizer que levou o metrô de Taguatinga a Ceilândia, Rollemberg apontou que, na verdade, a obra é de autoria do governo de Joaquim Roriz.

O governador continuou na bancada para discutir com Miragaya infraestrutura, último tema da rodada. Após Rollemberg destacar que foi o responsável pelo fechamento do lixão da Estrutural e por acabar com a crise hídrica, Miragaya alfinetou que o socialista “sanou uma crise que começou no seu governo”.

Terceiro bloco
No terceiro bloco do programa, cada candidato escolheu um adversário para responder seus questionamentos com o tema de preferência.

Em resposta à Eliana, Miragaya disse que adversários não discutem a desigualdade social como um das causas da falta de segurança pública. “Essa juventude não tem oportunidade e fica vulnerável à abordagem dos criminosos. E aí a gente vai fabricando criminosos”, apontou. Eliana defendeu a reabertura de delegacias após recompor efetivo das corporações com aposentados e estagiários de administração e direito.

Rollemberg escolheu o tema educação para ressaltar que irá garantir, caso seja reeleito, vaga para todas as crianças de 6 meses a 5 anos. Antes de perguntar quais são as propostas de Eliana para o setor, o socialista frisou que ela prometeu construir dois estádios.

Eliana disparou que o governador “distorce as coisas” e informou ter trocado para centros esportivos os nomes dos empreendimentos que pretende construir. “Vou fazer muitas creches. O senhor teve esse tempo todo e não fez. Tem uma inoperância muito grande”, concluiu.

Fraga e Rosso continuaram com o mesmo assunto. O postulante do PSD defendeu tablets para alunos do ensino médio na rede pública, enquanto o democrata afirmou que irá, se for eleito, escolher cinco escolas com baixos desempenhos em avaliações para entregar a administração à Polícia Militar.

Em seguida, Ibaneis elencou o terceiro setor como tema do embate com Fátima. Após responder, Fátima criticou Ibaneis ao lembrar de acusações de adversários nas quais ele teria comprado votos. O advogado rebateu afirmando que Fátima, como professora, deveria trazer mais propostas em vez de fazer ataques. “O senhor não tem condições de governar”, rebateu Fátima.

Depois, Rosso colocou Ibaneis na parede sobre a declaração do advogado, no 26 de Setembro, de que ele irá reconstruir, com o próprio dinheiro, casas demolidas pela Agefis. Ibaneis defendeu não ser crime eleitoral. “O que aconteceu lá são derrubadas ilegais, tem processos administrativos que deveriam ter sido abertos antes das derrubadas”, afirmou.

O clima esquentou quando Fátima perguntou a Rollemberg por qual motivo seu governo é honesto. O socialista aproveitou o tempo para atacar Fraga, Eliana e Ibaneis. “Tivemos um candidato condenado na semana passada [Fraga], uma que teve os bens bloqueados por participar de esquema com o Cabral [se referindo à Eliana]. O que Ibaneis fez no 26 de setembro é compra de votos descarada”, criticou. “O DF precisa de uma mulher que em vez de estar judicializada, ganha prêmio”, afirmou Fátima.

Frente a frente com Miragaya, Fraga disse que a condenação por suposta cobrança de propina será revista em segunda instância. O democrata declarou que, embora seja alvo dos adversários, não “deseja mal” nem “aponta dedo” para ninguém. Depois, destacou que o governador “fala tanto em operação que esqueceu da (12:26)”, na qual o irmão dele, o advogado Carlos Augusto Sobral Rollemberg, o Guto, foi indiciado.

Último bloco
Ibaneis inaugurou o quarto bloco, de tema sorteado, falando de máquina pública. Questionada sobre administrações regionais, a candidata do Pros disse que, em sua eventual gestão, será feita uma consulta popular para escolha dos administradores. Ibaneis concordou e disse que, caso seja governador, o indicado poderá ser exonerado pelos cidadãos.

Eliana permaneceu na bancada para questionar Rosso sobre educação. Enquanto a ex-deputada distrital afirmou pretensão de asfaltar ruas de escolas localizadas em áreas rurais, e levar para as unidades de ensino internet, o deputado federal licenciado defendeu tempo integral.

Rollemberg utilizou seu tempo destinado a debater geração de emprego para defendeu seu irmão. “Meu irmão é uma das pessoas mais conceituadas e reconhecidas dessa cidade. Estamos diante de uma grande armação de parcela da Polícia Civil”, pontuou.

Voltando ao assunto definido em sorteio, Rollemberg se comprometeu, caso seja reeleito, a aumentar de 6 mil para 15 mil o número de beneficiados no Jovem Candango. Ainda no diálogo com Rollemberg, Miragaya voltou a reforçar suas propostas de criar 30 mil empregos e salário mínimo regional 30% maior que o atual.

Quando o assunto foi combate à pobreza, Fraga defendeu o retorno para R$ 1 da refeição cobrada nos Restaurantes Comunitários. Fátima disse que os adversários apresentam soluções para problemas que eles mesmos criaram. “A senhora [Eliana] foi Secretária de Desenvolvimento Social. Se não fez antes, não fará agora”, alfinetou.

 ISADORA TEIXEIRA, OTTO VALLE e MANOELA ALCÂNTARA

 

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