RENATO RIELLA
Aos 80 anos, Fernanda Montenegro era a única unanimidade nacional. Não é mais!
Antes dela, Chico Buarque era quase unanimidade. Não é mais!
Na terceira idade, ambos acharam que ainda podiam dar um salto mortal triplo numa piscina rasa. Dançaram!
É assim a vida, regida por um mercado talvez injusto – mas fatal.
Ambos, experientes e respeitados, podiam ter se preservado mais, na linha que vinham sempre adotando. Até por coerência! Até por estilo!
Mas assumiram, desnecessariamente, posições polêmicas, que não melhoraram o mundo, nem fortaleceram suas carreiras. Entraram em bola dividida e quebraram a perna para sempre.
Chico, defendendo posturas pretensamente esquerdistas do PT, e Fernanda, fazendo o marketing gay numa novela, ficaram menores, fortalecendo-se junto a uma minoria discutível.
Rasgaram parte da fantástica biografia que tinham. Partiram, talvez, do entendimento (errado) de que a imagem criada antes não importa.
Ou, pior ainda, devem ter pensado que chegaram a um estágio em que podem tudo.
Ainda compro ingresso para ver Chico e Fernanda, mas certamente os ingressos estarão mais baratos. Oba! pra mim!
É, a vida não está fácil para ninguém!