O comando financeiro do Governo Temer passa a viver um problema inusitado, com a perspectiva de queda brutal da inflação no exercício de 2017, aproximando-se da faixa de 2%.
Com isso, a pressão pela queda dos juros passa a ser intensa, com a possibilidade da taxa Selic chegar aos 7%.
Hoje, o Banco Central divulgou a pesquisa semanal feita com os principais analistas financeiros do país, prevendo inflação de 2,97% ao final do ano. Na semana passada, a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) era de 3,08%, mas cai a todo momento.
A meta de inflação, que deve ser perseguida pelo BC, tem como centro 4,5%, limite inferior de 3% e superior de 6%. Quando a inflação fica abaixo dos 3%, o BC tem que elaborar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, explicando os motivos do descumprimento da meta, o que acontecerá se realmente a inflação se aproximar dos 2%.
Na última quinta-feira (21), o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana de Carvalho, disse em Brasília que, se a meta de inflação ficar abaixo do limite mínimo de 3%, o BC justificará o descumprimento “com serenidade”. No entanto, o comando financeiro do governo vai ter de se adaptar a esta realidade quase inacreditável.
A projeção do BC para a inflação, medida pelo IPCA, ainda é de 3,2% este ano, mas, segundo o Relatório Trimestral de Inflação, o risco de o IPCA ficar abaixo do limite inferior da meta é de 36%.
Para 2018, a estimativa do boletim Focus para a inflação foi reduzida de 4,12% para 4,08%. Essa foi a quarta redução seguida.
A taxa básica de juros, a Selic, atualmente está em 8,25% ao ano, mas deve cair bastante até o fim do ano.
Na pesquisa divulgada hoje pelo BC, a expectativa do mercado financeiro para a Selic foi mantida em 7% ao ano, no fim de 2017, e ao final de 2018.