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abr 15 2015

INSTITUTO VERITÁ DÁ 68% DE APROVAÇÃO A ROLLEMBERG, MAS A PESQUISA ESTÁ ERRADA

RENATO RIELLA

O governador Rodrigo Rollemberg cometeu um erro estratégico imperdoável, ao divulgar e comentar pesquisa de opinião do Instituto Veritá, na qual a população do Distrito Federal lhe daria 68% de aprovação, nos 100 dias de governo.

Há diversas falhas nessa divulgação, mas a primeira delas é o próprio Instituto Veritá, de Uberlândia (MG). Nas vésperas do segundo turno das eleições, no ano passado, este instituto afirmou que o tucano Aécio Neves teria 53,2% dos votos, contra 46,8% da petista Dilma Rousseff.

Na campanha do ano passado, o Veritá começou a aparecer no noticiário nacional, na contramão dos resultados propostas por Ibope e Datafolha. Logo depois, confirmou-se nas urnas o erro das suas previsões.

Não é um instituto que tenha tradição em antecipar resultados nas eleições do DF. Segundo consta, também estréia em avaliação de governo local, no caso presente com falhas inexplicáveis.

A propósito, quem encomendou e pagou esta pesquisa em Brasília?

Uma das falhas nesse trabalho foi pesquisar 1.205 pessoas que “moram no DF há pelo menos um ano”. Essa é uma metodologia ruim para pesquisas em Brasília. O mais recomendável é abordar o provável pesquisado perguntando-se se tem título de eleitor na Capital Federal. Só nessa condição a pesquisa deve prosseguir com a pessoa abordada.

A identificação do eleitor que vota no DF é necessária, pois a população móvel em Brasília é grande, diariamente vinda das cidades do Entorno. Só quem pode opinar com conhecimento de causa é aquele portador de título de eleitor local. Os outros podem ser “visitantes”.

Além disso, há uma manipulação técnica de resultado, quando se pergunta se o cidadão brasiliense “aprova ou desaprova a maneira que o governador Rollemberg vem administrando o Distrito Federal”. Pesquisar “a maneira de governar” é induzir uma resposta positiva.

O que se deve pesquisar é o resultado prático do ato de governar. Os serviços estão bons ou ruins? O governo é bom ou ruim? Só faltou perguntar se aprova a simpatia do governador, que é real…

 

NÃO EXISTE “SIM” OU “NÃO” EM AVALIAÇÃO DE GOVERNO

 

Grande erro foi divulgar um resultado fechado, em que 68,6% dos entrevistados dizem sim (a favor do governador) e apenas 31,4% dizem não – sem outras opções intermediárias.

Quem entende minimamente de pesquisa sabe que, nesse tipo de pergunta, não existem somente duas opções. No estágio atual, um percentual alto da população afirmaria, diante dessa pergunta, que ainda não sabe se aprova o governo, ou não está em condição de responder, e alguns até optarão por um talvez.

Havendo opções além do SIM ou do NÃO, o índice de aprovação cairia de 68% para 40% ou 30% – o que seria mais honesto. Sim ou Não só quem pergunta é o padre no altar…

Vale dizer, também, que não se pesquisa “forma de governar”. O que se deve pesquisar é se o governo como um todo merece aprovação.

Na verdade, qualquer instituto rigoroso perguntaria o seguinte:

-Você acha que o governo do governador Rodrigo Rollemberg é: “ótimo”, “bom”, “razoável”, “ruim” ou “péssimo”.

Essa forma clássica de se pesquisar desempenho de governo poderá breve ser feita pelo instituto Datafolha, abrangendo o DF e os principais estados.

Quando surgir a primeira pesquisa Datafolha, o resultado de “ótimo” e “bom” (sinais de aprovação) deve ficar de 30% a 40%. E aí, como fica o comparativo com este suspeito percentual de 68% do Veritá? Os desavisados dirão que o governador Rollemberg despencou 20% a 30% nas pesquisas?

Comparar o governo Rollemberg e o governo Agnelo, neste momento, é produzir resultado muito favorável ao novo governador.

Da mesma forma, é certo que a população admira o político Rodrigo Rollemberg, por diversas qualidades pessoais que ele tem, mas há insatisfação com a questão salarial, a crise permanente de transporte, saúde, educação, segurança, etc. São itens de governo, ainda não superados nas deficiências, que certamente puxam a avaliação nas pesquisas para baixo – se o questionamento for tecnicamente bem feito.

Na verdade, divulgar pesquisa neste momento, além de burrice, é uma grande provocação. Mas, de forma surpreendente, ninguém chiou. O ambiente político está aceitando qualquer porcaria. Na verdade, essa manipulação de pesquisas ocorreu em todos os governos anteriores. O pessoal já está acostumado em ser enganado.

Da minha parte, como já acompanhei a realização de mais de 500 pesquisas no DF, não posso ficar calado (a maioria pela Dados Opinião, que não erra).

A pesquisa é furada. Sinto muito por tentar estragar a festa!

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