Por ETHEVALDO SIQUEIRA
O Brasil, mesmo com sua natureza maravilhosa, como neste entardecer que tenho visto de minha janela em muitas tardes de verão, eu acho que a frase do título, atribuída ao general De Gaulle, nunca foi tão verdadeira, embora o general tenha negado sua autoria, à época da guerra das lagostas (entre 1961 e 63().
Meus amigos, eu me sinto arrasado. Como milhões de brasileiros que acreditam na honestidade e no trabalho, nunca me senti tão abatido, mesmo depois de ter lutado o máximo de minhas forças, ao longo de meus 86 anos, para que meu País fosse hoje muito melhor do que é.
Não me sinto melhor do que ninguém: fiz o que sempre julguei ser minha obrigação.
Sou um brasileiro comum. Comecei a trabalhar com 17 anos, em 1950, como balconista de livraria. Depois, como professor primário, alfabetizei centenas de brasileiros. Em paralelo, trabalhava no Banco do Brasil até 1965, quando, felizmente, fui demitido pelos militares, simplesmente por ter fundado um sindicato da classe no Interior.
Há 51 anos me tornei jornalista, enquanto dava aulas na USP durante boa parte desse tempo. E hoje, dou graças a Deus por ter saúde e oportunidade para poder trabalhar até 10 horas por dia.
Nunca esperava chegar aos 86 anos com tantas tristezas pelo quadro de desgraça nacional que vivemos hoje.
Quando viajo, tenho vergonha de dizer que sou brasileiro. Todo o mundo sabe que meu País acumula tantas desgraças por culpa e obra da maior quadrilha de políticos ladrões – e, pior por culpa da vontade “soberana e democrática” do povão ignorante e despolitizado que os elegeu.
Nesse cenário indescritível, cito apenas meia dúzia de desgraças para reflexão de meus eventuais amigos e companheiros. Ei-las:
- O maior museu da América Latina foi transformado em cinzas pela negligência criminosa de uma cadeia de irresponsáveis.
- O País enfrenta déficits orçamentários monumentais.
- A Saúde é um desastre sem limites.
- A educação nacional está em 93º lugar no mundo.
- A incompetência e a corrupção alcançaram níveis jamais imaginados.
- Durante os últimos 14 anos, os governos corruptos levaram o País à falência e destruíram não apenas a Petrobras como tornaram deficitárias as maiores estatais do Pais.
É claro que teríamos dezenas de sintomas da falência moral e política desta nação. Mas, seria preciso dar mais exemplos?
Tudo isso não aconteceu por acaso. Esse quadro de terra arrasada é o legado de governos ditos populares que roubaram de bilhões da Petrobras, enterraram 1 bilhão de dólares numa refinaria enferrujada em Pasadena, no Texas, aparelharam quase todas as estatais, e ainda têm a coragem de tentar a retomada de projeto criminoso de poder.
E pior, o candidato ungido pelo presidiário de Curitiba ainda ameaça o País nas pesquisas. E nos deixa a alternativa assustadora de um defensor da ditadura militar.
Nunca quis emigrar e deixar esta terra em que nasci e em que viveram mais de 10 gerações de meus antepassados. Não tenho para onde fugir. O que me dá vontade é pedir a Elon Musk uma carona em sua nave interplanetária, com destino a Marte.
Com passagem só de ida.
