Minha neta Cecília me falou, admirada, sobre um garoto que já completou o Álbum da Copa, com cerca de 700 figurinhas compradas nas bancas.
O pai da Cecília, Francisco, definiu: “O pai dele deve ser banqueiro. Dono de banco ou de banca de revistas…”.
Não quis dizer isso a Cecília, mas o pai do menino deve ter vindo da Lava-Jato.
Fica clara a distorção mental de completar um álbum em três dias, sem o prazer de comprar as figurinhas aos poucos, trocando as repetidas nas escolas.
De repente, dei uma explicação legal. Mostrei que, se fosse para ter tudo preenchido logo, logo, não seria um álbum. Podia ser uma revista, na qual todas as figurinhas já viriam preenchidas.
Cecília soltou uma resposta animadora. “Sabe, vô, as minhas figurinhas repetidas eu dou para o álbum da Clara”. Clara é a irmã menor (5).
E as repetidas dela, Cecília leva para trocar na escola. Mais ou menos como eu fazia há 60 anos.
Taí, o mundo tem salvação.
Pode ser que o menino da Lava-Jato também aprenda essa lição um dia.
Quem tudo tem não sabe conquistar. E um dia fica sem nada.
(RENATO RIELLA)
