Há mais de 100 anos, dois Riella vieram da Itália num navio.
Meu bisavô, Miguel Riella, tinha apenas 16 anos. Na passagem por Salvador, desceu para dar uma volta e se perdeu. Ficou na Bahia. Imaginem o desespero! Não falava nada de baianês!
O irmão mais velho (18) seguiu adiante. Parou no Rio Grande do Sul, onde viveu até morrer.
São dois ramos da família que nasceram e geraram muito progresso no Sul e no Nordeste, sem se comunicar
Os dois irmãos morreram sem nunca mais um ter notícia do outro. Que drama!
Com o tempo, os Riella gaúchos e os Riella baianos foram se encontrando.
Por exemplo, tomei conhecimento desse ramo sulista há mais de 50 anos, quando vi na TV Globo um produtor chamado James Riella.
Depois, ainda descobri entre os sulistas um prefeito gaúcho e deputado federal.
Fui encontrando uns e outros, mas permanecemos distantes. A vida é assim.
No Dia da Migração Italiana, tenho este depoimento a dar. Meu bisavô Miguel se instalou no Sul da Bahia e fabricava artesanalmente rodas de carroça, fundindo ferro numa oficina de fundo de quintal.
Diziam que ele era tão forte que segurava um burro com as duas mãos e imobiliza o bicho.
Trabalhava sempre com o cigarro de palha pendurado no lábio de baixo, onde acabou desenvolvendo uma pequena ferida, dominada por câncer.
Assim, morreu relativamente cedo. Não tive a honra de conhecê-lo. Mas as histórias passam de boca em boca.
Deus proteja lá em cima esses dois migrantes italianos que ajudaram o Brasil a se formar. (RENATO RIELLA)
