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abr 18 2018

Miguel Díaz-Canel, o preferido na sucessão de Raúl Castro

miguel díaz

Amanhã(19), caso não haja alguma surpresa, Raúl Castro entregará o comando de Cuba pela primeira vez em seis décadas a um cubano que não carrega o seu sobrenome e que nasceu depois da revolução de 1959. O favorito é o “número dois” do regime, Miguel Díaz-Canel (foto), de 57 anos, um engenheiro eletrônico alto e de gestos sérios, que fez uma paciente e discreta escalada burocrática com Castro como mentor.

Nascido em 20 de abril de 1960, em Placetas, na província de Villa Clara, bisneto de um espanhol de Castropol (Astúrias), casado duas vezes e pai de dois filhos do primeiro casamento, Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez forjou-se no fim dos anos 80 na União de Jovens Comunistas.

De 1994 a 2003 foi secretário do Partido Comunista na província de Villa Clara, onde ganhou fama de dirigente aberto por seu apoio a um centro cultural onde se fazia transformismo e por seu estilo roqueiro – cabelos compridos e amor pelos Beatles. Ali ele já era um dos quadros regionais observados por Raúl Castro com vista a uma mudança geracional ainda distante.

Em 2003, o general o incorporou ao birô político e foi enviado como secretário do partido à província de Holguín. Castro só o chamou a Havana em 2009, quando lhe confiou o Ministério da Educação. Em 2012 o fez vice-presidente do Conselho de Ministros. Em 2013, quando formou seu último Governo, acrescentou o cargo de vice-presidente do Conselho de Estado e fez um discurso em que o apontou como sucessor, comprovando seu pedigree: “Não é um novato nem alguém improvisado”.

Díaz-Canel sempre usou uma retórica continuísta que reforça à medida que sua coroação se aproxima. Em 11 de março ele glosou a “geração histórica que nos conduziu e que forjou a revolução”. Naquele dia foram realizadas eleições para deputados da Assembleia Nacional, que ratificarão nesta quinta-feira, 19 de abril, o candidato a chefe de Estado escolhido pela cúpula na última jornada de um processo eleitoral ritual controlado pelo Partido Comunista, o único permitido.

Por conta de um limite legal estabelecido por Raúl Castro, Díaz-Canel poderia governar no máximo por dois mandatos, dez anos. Até 2021 está previsto que Castro permaneça como secretário-geral do partido, supervisionando seu sucessor. O potencial reformista de Díaz-Canel é uma incógnita que talvez seja revelado ao longo de dez anos. Seus primeiros desafios em seu primeiro ano de governo poderiam ser enfrentar a unificação monetária (fundir em uma só a moeda convertível, equivalente ao dólar, e a nacional de uso doméstico) e relançar a concessão de licenças às pequenas e médias empresas dando-lhes mais garantias e solidez jurídica com uma lei de PME.

O ex-diplomata cubano Carlos Alzugaray indica que o vice-presidente foi “fundamental, embora na sombra” no redesenho do modelo para a abertura econômica e acredita que ele pode ser considerado “reformista”. “Nas últimas semanas deu muita ênfase aos desafios político-ideológicos que enfrenta a sociedade cubana, razão pela qual soou mais conservador, mas pode ser que, como em muitos casos históricos semelhantes dentro e fora de Cuba, seu verdadeiro caráter surja quando assumir a presidência.”

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