O ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski acatou ontem (25) pedido da defesa do EL PAÍS e manteve a entrevista exclusiva que o ex-presidente Lula concede ao jornal e à Folha de S.Paulo hoje (26), na superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Anteriormente, o delegado da PF Luciano Flores de Lima havia transformado a entrevista em uma espécie de coletiva de imprensa, permitindo que outros veículos participassem da conversa na condição de ouvintes, sem o consentimento prévio dos advogados do ex-presidente.
O EL PAÍS e a Folha de S.Paulo acordaram a conversa há mais de oito meses com a defesa do petista e, na semana passada, obtiveram no STF a autorização para encontrar Lula na sede da PF em Curitiba, onde ele cumpre pena de 8 anos e 10 meses de prisão no caso do triplex do Guarujá.
“A liberdade de imprensa, apesar de ampla, deve ser conjugado com o direito fundamental de expressão, que tem caráter personalíssimo, cujo exercício se dá apenas nas condições e na extensão desejadas por seu detentor, no caso, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva“, escreveu Lewandowski, horas depois do despacho do delegado Lima.
A entrevista vinha sendo negociada com a defesa de Lula desde o ano passado. Em setembro, o doutor Cezar Brito, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, entrou com uma reclamação constitucional alegando o direito do jornalista Florestan Fernandes, do EL PAÍS, entrevistar o ex-presidente.
O ministro Ricardo Lewandowski acatou o pedido, mas o ministro Dias Toffoli suspendeu a decisão do colega acatando uma ação do Partido Novo, que alegava que o período eleitoral era inconveniente para a entrevista. Mas no dia 18 de abril o presidente da Corte, Dias Toffoli liberou os dois veículos a conversar com Lula.
A assessoria do ex-presidente criticou a decisão da PF de convocar uma coletiva de imprensa, afirmando que “a superintendência da Polícia Federal no Paraná determinou a constituição de uma plateia para jornalistas convidados por ela própria para assistir a entrevista sem direito de fazer perguntas”.
Ainda segundo a nota, a medida “desrespeita o trabalho dos jornalistas e dos veículos de comunicação que há oito meses obtiveram autorização para entrevista na época das eleições, ou seja, o El País e a Folha de S. Paulo, entrevistas que ficaram suspensas por oito meses devido a uma decisão liminar cassada na semana passada”.
Com informações de El País