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set 04 2018

O QUE PENSA HOJE O PT?

HUGO STUDART

Artigo da minha pena:
A direção do PT está dando todos os sinais exteriores de que aposta na eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República. Pelo menos o que transparece dos últimos movimentos é a de não quer a eleição (possível) do suposto candidato do partido, Fernando Haddad. Mas tão somente fazer uso de seu rostinho para manter Lula em evidência.

Em maio último, escutei de uma pessoa muito próxima a José Dirceu, depois que mantiveram uma longa conversa, que o objetivo estratégico do PT era sobreviver a esta eleição. Como? Primeiro, fazendo uso da prisão de Lula como uma “causa política” para manter o partido unido e mobilizado. Segundo, encontrar um bom puxador de votos para fazer uma grande bancada federal no Congresso. Jamais seria a mesma bancada do agora. Mas a meta era eleger uma bancada com força suficiente para liderar a oposição ao próximo presidente.

Por fim, a revelação que mais espanta. O melhor dos cenários para o PT é que Jair Bolsonaro fosse eleito presidente. Seria a aposta no caos, quatro anos de oposição fácil, o que aumentariam as chances de retornar ao poder em 2022. Até lá, muitas das reformas estruturais necessárias seriam feitas, inclusive por Bolsonaro, mesmo aos trancos e barrancos. Na aposta do caos, o pior cenário seria a eleição do moderado Geraldo Alckmin.

Neste momento do cenário, faltando apenas um mês para as eleições, há fortes indícios que a dupla de rostinhos novos e bonitos, Fernando Haddad e Manuela D’Ávila têm chances razoáveis de chegar ao segundo turno, caso sejam impulsionados com afinco, e depois buscar derrotar Bolsonaro.

Contudo, a campanha oficial largou com o PT evitando oficializar a candidatura da dupla, mantendo Haddad numa situação difusa, meio candidato do PT, meio porta-voz de Lula. Já são muitas as informações de bastidores de que a maior parte do PT não confia em Haddad. Ele seria independente demais e já não quer obedecer aos supostos herdeiros de Lula; que teria sido melhor escolher Jacques Wagner.

Assim, já correm boatos no partido de que não é para se empenhar por ele. Por fim, notícias do final de semana tão conta de que Manuela será sacrificada e que discute-se colocar um petista em seu lugar. Em outras palavras, busca-se o caos interno no PT.

A única explicação possível é a de que a direção do partido, tal qual pensou Dirceu, está fugindo de uma possível vitória como o diabo da cruz. Pois, se Haddad vencer, o partido terá que fazer as reformas estruturais impopulares para consertar a herança maldita que eles mesmos criaram (e Temer não consertou). Ou venezualizar o Brasil de vez.

Assim sendo, o melhor cenário para o partido seria mesmo fingir que faz campanha, apostar em Bolsonaro e trabalhar com afinco para retornar ao poder em 2022.

 

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