RENATO RIELLA
Há muitos dias, alerto neste BLOG que o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro poderá incendiar o Brasil, retomando a temporada da manifestações de rua. Nesta semana que se encerra, diversos episódios assustadores já ocorreram.
O caso mais grave acabou tendo como destaque uma bomba jogada contra o cinegrafista da Band, Santiago Andrade, que está hospitalizado com lesões cerebrais. Depois disso, se estabeleceu uma polêmica na imprensa e no Facebook sobre a origem do petardo que atingiu o jornalista: foi a Polícia Militar ou os Black Blocs?
Na verdade, todas as partes envolvidas neste episódio e nos outros protestos merecem pena, pois estão vivendo o inferno em que se transformou o Rio de Janeiro. Inferno não só pela sensação térmica de 50 graus, mas pela insatisfação social, luta de classes, fraqueza do Estado, péssimas administrações, desesperança da juventude e falta de luz no fim do túnel.
São situações que aos poucos vão sendo exportadas para outras cidades brasileiras, mas no Rio já ultrapassaram todos os limites.
PMs, Black Blocs e cinegrafistas estão dando a vida por causas inúteis, sem solução. O pessimismo começa a dominar os brasileiros, impotentes diante da falta de perspectiva dos governos.
Vamos começar a semana vendo o circo pegar fogo no Rio, pois a população não aceitará o aumento de 9% nas passagens, que passarão a R$ 3,00.
Vão dizer: mas é apenas R$ 0,25! Pois as manifestações do ano passado começaram com apenas R$ 0,20 em São Paulo.
Agora, surge a novidade trágica de se queimar ônibus em praça pública.
Ontem, em Brasília, passageiros revoltados incendiaram um ônibus que ia ao Entorno, depois que ficaram na rua por causa de pane no veículo. Sabem onde isso aconteceu? Pertinho do Estádio Mané Garrincha, um dos monumentos da Copa do Mundo.
NÃO MORREU NINGUÉM – ATÉ AGORA!
O Brasil pode se orgulhar de ver que as manifestações ocorridas desde junho do ano passado não geraram nenhuma morte proporcionada pelo confronto entre grupos de protesto e policiais.
Em diversos outros países, manifestações semelhantes causaram a perda de dezenas, centenas e milhares de vidas dos dois lados. O Egito talvez tenha sido o caso mais grave.
Pois anotem! Esta semana, no Rio, se o prefeito Eduardo Paes mantiver o aumento dos ônibus, a situação pode se tornar trágica. O caldeirão (que não é o do Huck) está explodindo e as autoridades parecem não ver.
