«

»

nov 29 2023

Pessoas com ensino superior estão em empregos não condizentes com a escolaridade

O fenômeno do aumento da escolarização no Brasil, principalmente no ensino superior, ocorre há vários anos, com ampliação das universidades públicas e de programas federais de acesso e financiamento às universidades privadas, principalmente a partir do início dos anos 2000.

Mas, percebe-se a dificuldade das pessoas com diploma de nível superior de conseguir algum trabalho compatível com essa escolaridade, devido aos problemas estruturais da economia brasileira, que apresenta crises recorrentes e baixo crescimento, especialmente nos últimos anos.

O número de pessoas em idade ativa (PIA), ou seja, de 14 anos de idade ou mais, com ensino superior completo, aumentou 14,9% entre os quartos trimestres de 2019 e de 2022 – o equivalente a cerca de 3,7 milhões a mais. Foi o maior crescimento percentual entre todos os níveis de escolaridade analisados. A título de comparação, a quantidade de pessoas com ensino médio completo cresceu 5,9% no mesmo período, enquanto o daquelas com até o ensino fundamental incompleto diminuiu 4,6%. O total de pessoas de 14 anos ou mais subiu 2,9%.

Seguindo a mesma tendência, a quantidade de ocupados com ensino superior completo cresceu 15,5%, e o daqueles com ensino médio completo, 7,1%. Vale destacar que o número total de ocupados se ampliou em 4,0%.
O número de ocupados com ensino superior completo aumentou 15,5% em três anos. Contudo, o rendimento médio não teve desempenho similar e, no total dos ocupados, foi reduzido em 0,5%. Entre os ocupados com ensino médio completo, a queda do rendimento real foi de 2,5% e entre aqueles com ensino superior completo, o recuo foi de 8,7%.
O aumento da ocupação entre as pessoas com ensino superior completo, porém, ocorreu principalmente em cargos que não requerem essa escolaridade. As ocupações chamadas “típicas” para nível superior são principalmente aquelas de direção/gerência e de profissionais das ciências
e intelectuais (antes conhecidos também como “profissionais liberais”).
A quantidade de ocupados com nível superior em ocupações não típicas cresceu 21,2%, entre o quarto trimestre de 2019 e o de 2022. Entre as ocupações típicas para essa escolaridade, o número de diretores e gerentes diminuiu em 15,4% e o de profissionais das ciências e intelectuais
aumentou 18,0%. Portanto, é possível afirmar que praticamente metade do crescimento da ocupação para pessoas com ensino superior completo ocorreu em atividades não típicas para essa formação.
Ainda em relação às ocupações não típicas, a de maior número de ocupados com nível superior era a de escriturário, com 1,4 milhão de pessoas. Em seguida, quase 600 mil eram comerciantes de lojas e outros 417 mil eram balconistas ou vendedores.
Cerca de 86 mil motoristas de aplicativos (exceto táxis) tinham ensino superior completo no quarto trimestre de 2022. Entre os entregadores de
comida/produtos/etc., eram cerca de 70 mil pessoas. Número de ocupados (em mil pessoas) que prestaram serviço por meio de aplicativo de transporte particular de passageiros diferente de táxi e daqueles que prestaram serviço por meio de aplicativo de entrega de comida, produtos etc.,
segundo escolaridade.
As pessoas de baixa renda estavam em menor proporção nas ocupações típicas, mesmo com ensino superior completo. Entre os ocupados de domicílios mais pobres, com ensino superior completo, 38,8% dos ocupados estavam em ocupações típicas para essa escolaridade e outros
61,2% estavam em atividades não típicas. Já entre os de domicílios mais ricos, 71,5% dos  ocupados com superior completo estavam em ocupações típicas e 28,5% em atividades não típicas.
Fonte: Dieese

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode usar estas tags e atributos HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

*