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jan 17 2018

Por onde passa a falência do esporte

JOSÉ CRUZ

A crise no atletismo não é fabricação recente. Formou-se há anos, décadas. E está intimamente inserida na crise do esporte olímpico, agravada pelo bilionário e corrupto Jogos Rio 2016, lucrativo só para poucos espertos.

A crise no atletismo ganha dimensões com as recentes denúncias de Demétrio Vechiolli, no UOL Esporte, sobre corrupção na CBAt. Mas essa crise geral no esporte está no contexto da corrupção institucionalizada que, tristemente, se cresce e se fortalece no Brasil.

A crise no esporte olímpico, confunde-se com as empreiteiras que construíram os espaços para os Jogos, com os governos federal e estadual, com a Prefeitura do Rio e, principalmente, com os ex-ministros do Esporte, de triste lembranças: Agnelo, Orlando, Aldo, George Hilton, Leyser e o atual e inexpressivo Leonaro Picciani. Sabiam todos do buraco que estava sendo cavado para enterrar atletas e técnicos, principalmente. Mesmo assim mantiveram-se na ousada empreitada do suicídio esportivo coletivo, enquanto escancaravam o cofre da verba pública sabe-se lá para quem. Quem sabe, para pagar diárias fantasmas…

A crise no atletismo começou ainda no tempo do então presidente Gesta de Melo. Com bom dinheiro recebido da hoje falida e investigada Caixa, tratou-se de montar estrutura para se manter no poder, até abandonar o barco às vésperas dos Jogos Olímpicos.

Lembro de uma assembleia em Manaus, quando aprovaram uma contribuição mensal aos atletas medalhistas. Dinheiro da Caixa para os que já tinham muito! Para os que já tinham expressão internacional e visibilidade nacional. E, assim, Gesta engrossava os votos para a reeleição de então. Por que o dinheiro não serviu para fortalecer clubes e a indispensável base?

Naquela assembléia, de benesses e conforto para os presidentes de falidas ou precárias federações, apenas uma voz se manifestou contra. Voz de mulher: Carmem de Oliveira, à época presidente da Federação Brasiliense de Atletismo. Ela foi contra a aprovação de contas às pressas, sem tempo para que os votantes analisassem o que estava sobre a mesa. Foi contra o orçamento aprovadao com benesses a atletas medalhistas em detrimento do fortalecimento do esporte como um todo. Foi voz vencida pela maioria e até ironizada de forma debochada por cartolas. Carmem não se rendeu. Não se vendeu!

Atletas olímpicos, medalhistas ou não, merecem nosso reconhecimento. Mas não podem ser beneficiados por um orçamento pobre e dependente de verba pública como o que sempre tivemos para atender a projetos políticos-esportivos de cartolas.

A crise no atletismo passa por esses episódios que não podem ser ignorados, inclusive porque a principal financiadora, Caixa, com gestão de políticos do governo de hoje e os de ontem, está no foco da corrupção e da ladroagem cotidiana que se reflete, agora, na falência do esporte olímpico.

Não é bem assim, Nuzman?

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