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mar 03 2014

QUARTA-FEIRA DE CINZAS NUMA REDAÇÃO

RENATO RIELLA
Vejo por aí, hoje em dia, editores como Ana Dubeux falando sobre o Carnaval de Brasília sem perceber que estão no paraíso. Antes era dureza fechar uma edição.

Lembro que, na década de 80, antes do Pacotão, editei a primeira página do Correio Braziliense que sairia na Quarta-Feira de Cinzas. Claro que deveria ter fotos da folia local em destaque.

Na Terça-Feira de Carnaval, enquanto quase todo mundo curtia o feriado, estava eu sentado numa mesa, selecionando mais de 50 fotos, de três fotógrafos.

Não havia uma que se salvasse. O Carnaval de Brasília foi literalmente uma merda (os fotógrafos eram bons).

Para meu azar, chegou o estrelíssimo Oliveira Bastos, que era o diretor de redação. Percebeu minha tarefa. Relatei a dificuldade e ele reagiu:

-Porra, você não tem competência nem para escolher uma foto de Carnaval?

Me empurrou para o lado e mergulhou na pilha. Depois de cinco minutos, ligou para o arquivo fotográfico e pediu a pasta de fotos do Carnaval anterior, de um ano antes.

Em 30 segundos, escolheu um cara magricelo pulando na W3 e foi embora com ar de vitorioso – sem se despedir.

Manda quem pode. Obedece quem tem juízo – aliás, obedece quem precisa do emprego. Portanto, nem vacilei. Abri a foto alegre bem grande na primeirona.

No dia seguinte, a viúva do folião entrou na redação alucinada, querendo matar alguém. Sabem quem Oliveira mandou atendê-la? Ora, o cara que “obedece quem tem juízo”.

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