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out 01 2017

RACIOCÍNIO DOMINICAL SOBRE A NORMALIDADE

Já assisti alguns filmes do famoso cineasta espanhol Almodovar. Sempre, quando saía do cinema, tinha uma sensação de angústia, como se tivesse sido chamado para um baile à fantasia com roupagens desagradáveis.

Um dia, cheguei à minha conclusão: é fácil fazer uma história de impacto a partir de anormalidade. Foi quando vi um filme dele, no qual o enfermeiro engravida a moça bonita internada em hospital, num estado vegetativo, gerando verdadeiro drama.

É fácil criar a partir de anormalidades. Basta pensar numa situação grotesca, monstruosa, assustadora. Depois, com efeitos especiais, é só filmar.

Quando saí da sessão Almodovar, de brincadeira, até fiz esboço de um ótimo filme…que eu nunca filmaria. Era a história de um bonito rapaz queniano, que nasceu com três pernas – e conseguiu adaptar-se plenamente.

Com o tempo, esse queniano conseguia correr melhor do que os melhores corredores do mundo, que por sinal são do seu país. E por aí ia a história. Faria o maior sucesso se filmada por Almodovar.

Reafirmo: gosto de ver situações reais, mesmo que sejam em ambientes fantásticos, como o cangaço de Grandes Sertões: Veredas (Guimarães Rosa), que não fez parte da minha vida, mas existiu no interior de Minas. Etc.

O próprio Nelson Rodrigues, com suas histórias chocantes sobre a vida sexual dos brasileiros, não precisa recorrer a anomalias para nos atrair e até divertir. Exprime situações que, infelizmente, podem ocorrer entre homens e mulheres.

No caso de Gabriel Garcia Marques, em Cem Anos de Solidão, temos situações impossíveis de acontecer, mas este foi o estilo chamado de Realismo Fantástico que ele nos apresentou e nos fascinou um dia, nos levando a sonhar com borboletas… Não tem aberrações!

A arte tem de expressar a vida. E a vida já é fantástica demais, sem necessidade de apelações anatômicas ou psicológicas. (RENATO RIELLA)

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