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abr 03 2015

REFLEXÃO SOBRE A HISTÓRIA DO FILHO PRÓDIGO

RENATO RIELLA

Há dois mil anos, um fazendeiro rico lá das Arábias tinha dois filhos. O mais velho tomava conta das propriedades, trabalhando durante os sete dias da semana. Ralava pra caramba!

O mais novo, chamado pelo pai de Andarilho, era alegre demais. Vivia intensamente, visitando as aldeias próximas e trazendo novidades para casa.

Um dia, depois do jantar, este segundo filho, que ia fazer 18 anos, mas já estava homem feito, reuniu a família e disse: “Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe!”.

Explicou que queria receber a herança por antecipação. Ao atingir a maioridade, iria tentar percorrer o mundo com a pequena fortuna em mãos.

Foi um choque. O carinha ia deixar toda uma estrutura de poder e carinho, para andar por aí, de cidade em cidade, queimando o dinheiro acumulado ao longo de décadas!

O irmão mais velho, que administrativa os bens, respeitava as decisões do pai e aceitou a proposta.

Imaginou que, a partir de então, ficaria sozinho com a parte restante da fortuna, aumentando as propriedades com muito trabalho.

PARTIU PARA OS GRANDES CENTROS

Passados não muitos dias, o Andarilho, ajuntando tudo o que era seu, partiu para terras distantes, cheio da grana.

Visitou grandes centros urbanos, foi recebido por homens poderosos, conheceu mulheres maravilhosas, comprou moradia de luxo, montarias, roupas e jóias. Adorava pagar caro para assistir shows da dança-do-ventre, na primeira fila, a chamada “fila do gargarejo”…

Deixava sempre grande parte do seu dinheiro com agiotas, que lhe pagavam juros compensadores. Embora muito jovem, era tratado como rei. Tinha muitos puxa-sacos atrás, aos quais pagava contas e viagens.

Com o tempo, entrou em negócios errados e, aos poucos, dissipou todos os bens. Como se sabe, dinheiro acaba muito rápido.

Depois de ter consumido tudo, aconteceu uma grande fome na região. Por incrível que pareça, o carinha meio playboy começou a passar necessidade.

Desesperado, ficou sem dinheiro, nem prestígio. Os pretensos amigos, claro, desapareceram. Escafederam-se!

Então, o jovem ex-rico se agregou a um dos cidadãos daquela terra, na esperança de conseguir um bom trabalho. Mas este o mandou para os campos, para guardar porcos.

Ali, passou fome. Teve até de comer parte da ração dos animais durante algum tempo, situação que nunca viu acontecer nas fazendas da sua família.

Caindo em si, disse: “Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!”

VOLTARIA E PEDIRIA PERDÃO AO PAI

Decidiu retornar para casa e, na volta, falaria assim: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus trabalhadores”.

E assim fez. Caminhou muito, sem sapatos, vestido de trapos, levando nas costas apenas uma trouxinha pendurada num pedaço de pau, com utensílios pessoais mínimos.

Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou. Compadecido, correndo, o abraçou, e beijou.

E o filho, realmente, lhe disse: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho”.

O pai, porém, disse aos seus servos:
-Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés.

-Trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos.

-Porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.

Começou assim a festa da volta do filho pródigo.

Ora, o filho mais velho estivera no campo. Quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças.

Chamou um dos criados e perguntou-lhe o que era aquilo.

E ele informou: “Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde”.

A REVOLTA DO IRMÃO MAIS VELHO

O rapaz mais velho se indignou e não queria entrar. O pai saiu e procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai.

-Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos.

-Vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado!

Então, lhe respondeu o pai:
-Meu filho, tu sempre estás comigo. Tudo o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.

E assim, o filho pródigo voltou renovado à família, como um ser humano melhor, reconhecendo todos os valores que tinha na sua vida anterior.

Passou a ajudar o irmão na labuta diária, respeitava e honrava o pai.

E passou a tratar os servos e escravos como seres humanos reais, pois ele um dia viu o outro lado da vida.

É, a vida nunca está fácil para ninguém, viu!

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