Segundo dados do portal de Estatísticas Eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em março de 2024, os eleitores autodeclarados indígenas passaram dos 8% (102.335) do total considerado para a raça no Censo Demográfico 2022 (1.187.246), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A parcela de eleitores indígenas com registro na Justiça Eleitoral era menor em janeiro deste ano, quando chegou a 6% (73.712) de toda a população assim classificada na última entrevista ao IBGE. Pensando também nesse público, o TSE aprovou a Resolução nº 23.659/2021, que, entre outros pontos, estabeleceu que o cadastro eleitoral deve disponibilizar, além dos dados pessoais, novos campos de identificação, com etnia e língua falada.
O cálculo da porcentagem da população indígena com título de eleitor levou em consideração a população entrevistada pelo Censo 2022 com idades entre 15 e 100 anos.
É importante ressaltar que a qualificação do cadastro eleitoral com esses novos dados biográficos é um processo gradual, por depender, em regra, da iniciativa do próprio eleitorado em atualizar os seus dados. A coleta dessas informações no cadastro eleitoral é objetiva: traçar ações específicas para eleitores de cada comunidade indígena, a fim de ampliar o exercício da cidadania plena.
“A possibilidade de o eleitorado se identificar como pessoa indígena, com etnia e língua falada, é muito importante para a Justiça Eleitoral traçar melhor o perfil do eleitor brasileiro, sobretudo, para reforçar aos indígenas não só o exercício da sua cidadania plena como eleitor, mas também dar a eles esse direito de autodeclarar o pertencimento étnico”, reforça a assessora-chefe de Inclusão e Diversidade do TSE, Samara Pataxó.
Atualmente, há 320 etnias indígenas cadastradas na Justiça Eleitoral, e o eleitorado autodeclarado indígena equivale a 0,07% do universo de votantes no Brasil, com mais de 156 milhões de eleitores até março deste ano.
O grupo indígena com maior número de eleitores registrados é o Tikuna, com 5.202. Makuxi aparece em segundo lugar, com 3.695. As pessoas que se autodeclararam indígenas, mas que não sabem identificar a etnia, somam 3.689 eleitores.
Na comparação entre os dados das Eleições Municipais de 2016 e de 2020, extraídos das Estatísticas Eleitorais disponibilizadas pelo TSE, as candidaturas indígenas aumentaram significativamente. O pleito de 2020 registrou a marca de 1.721 candidaturas autodeclaradas indígenas, um crescimento de 11% em relação à votação anterior, com 1.546 perfis semelhantes.
O projeto do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL) “Meu Título Indígena” levou os serviços eleitorais a 1.019 pessoas da etnia Kariri-Xocó, residentes em Porto Real do Colégio. A ação, que aconteceu entre os dias 19 e 22 de março, ainda contou com palestra sobre a participação na política, o combate à desinformação e a importância da efetivação de candidaturas indígenas.
O TRE do Pará realiza neste mês de abril os mutirões “Abril Indígena”, na capital e em cinco municípios do estado. A iniciativa disponibiliza para os indígenas o serviço de registro da etnia e da língua no cadastro eleitoral, com o apoio da Ouvidoria Judicial Eleitoral (OJE), da Corregedoria Regional Eleitoral (CRE-PA) e da Escola Judiciária Eleitoral (EJE). O primeiro mutirão foi realizado na Aldeia Moikarako, em São Félix do Xingu. Na terça-feira (16), ocorreu na Escola Indígena Antônio Pedroso, em Alter do Chão.
Confira os próximos mutirões do TRE-PA:
- Amanhã (20), a ação será realizada na Usina da Paz do Icuí, em Belém.
- Na próxima segunda (22), o mutirão vai ocorrer na Aldeia Mapuera, em Oriximiná.
- O quarto mutirão será no dia 27, sábado, na Aldeia Sai Cinza, em Jacareacanga.
- Por fim, no dia 30, terça-feira, a ação será na Aldeia Teko-Haw, em Paragominas.
Todos os mutirões acontecerão das 8h às 14h.
Fonte: TSE
Foto: Ascom/TSE – Antônio Augusto