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dez 21 2016

RESILIÊNCIA? QUE DIABO É ISSO?

Resiliência é palavra em destaque num anúncio de rádio. Que diabo é isso, meu Deus! Vivo da fala e da escrita há mais de 50 anos e nunca li nem precisei usar esta novíssima expressão. De repente…

Tudo o que aprendi de útil na vida foi há muitas décadas, com meu primeiro chefe de reportagem, o baiano Lins, em Salvador.

Ele me ensinou que a gente precisa usar um vocabulário com apenas 500 palavras (além de termos técnicos ou especializados) para se comunicar bem.

Hoje uso menos de 500 palavras e cerca de 20 palavrões!

Lembro que, antigamente, os jornalistas evitavam repetir palavras num texto. Assim, quando escreviam “hospital”, num parágrafo seguinte usavam o sinônimo “nosocômio”.

Lins corrigia os textos de lápis e me falava: “Repita hospital. Nunca use nosocômio”.

A visão dele era que os textos deveriam exprimir sempre a linguagem falada, com 500 palavras como base.

Resiliência para mim é como narguilé: nunca usei antes e não pretendo usar agora.

As palavras têm a medida certa e não foram feitas para humilhar ninguém.

Muitas vezes já fui autoridade de primeiro escalão, em governos. Trabalhei sempre de roupa esporte. Um dia, num auditório com 50 pessoas, um técnico jovem, bem esnobe, apresentava um projeto.

O cara vestia paletó e gravatas impecáveis. Cabelo engomado, Sapato de couro brilhante. De longe, pude perceber que usava perfume francês.

O rapaz sorboniano projetou textos numa tela. Num deles, destacou as qualidades do projeto, começando com “eficiência” e “eficácia” (nunca soube a diferença entre essas duas palavras!)

Ao final da palestra, como autoridade, me coube a primeira pergunta. Pedi que reprojetasse a tela com as “qualidades”. Apontando com o dedo, falei:

-Seu projeto é bem legal. Por mim, está aprovado. Apenas me responda uma pergunta. Se ele for eficiente sem ser eficaz, perde quanto na execução?

O auditório não sacou a pergunta. E ele respondeu: “Não perde nada!” Mais tarde, quando decifrou minha ironia, o carinha perfumado deve ter me xingado. Na prática, eficiência e eficácia buscam os mesmos resultados…

Para concluir: “Resiliente é a mãe”! (RENATO RIELLA)

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