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nov 15 2018

ROBERTO CAMPOS NETO, O NOVO PRESIDENTE DO BC

AUGUSTO LEMOS

Roberto Campos Neto é o futuro presidente do Banco Central. Uma escolha que vem sendo recebida pela imprensa com algumas reticências, às quais, por sua vez, cabem, penso, reticências.

Preliminarmente gostaria de assegurar que me acredito capaz de manter certa imparcialidade, ainda que se trate de meu primo. Com efeito, Roberto Campos Neto é filho do Roberto Campos Jr., meu primo-irmão Bob, filho do meu querido tio Roberto Campos.

Questiona-se três pontos na escolha; Roberto Campos Neto seria: excessivamente jovem; inexperiente no setor público; e sua proximidade com Paulo Guedes poderia indicar uma tendência a deixar o BC sob a influência do mesmo.

Descartemos rapidamente o primeiro questionamento: Roberto Campos Neto nasceu em junho de 1969, de modo que será um cinquentão no ano que vem, o que corresponde normalmente à plena maturidade. Aliás, o merecidamente festejado Ilan Goldfajn é de março de 1966, ou seja, apenas três anos mais velho.

Quanto à experiência no setor público, tratemos de relativizá-la. Dependendo inteiramente de aonde no setor público, esta pode ser, sim, uma vantagem para um presidente do Banco Central. Ilan, uma das mais exitosas escolhas para o cargo, foi Diretor de Política Econômica do Banco Central entre setembro de 2000 e julho de 2003, o tipo de experiência prévia obviamente de grande utilidade. Outro presidente bem-sucedido foi indiscutivelmente Henrique Meirelles, que assumiu o cargo depois de 28 anos de carreira no BankBoston, mais um mandato incompleto de deputado federal por Goiás, sem qualquer experiência prévia de serviço público no executivo, portanto.

O terceiro ponto é de longe o questionamento mais relevante: seria sua proximidade com Paulo Guedes indicativa de uma tendência a deixar o BC no âmbito do posto Ipiranga? Espero que não.

Em primeiro lugar, a proximidade com Paulo Guedes é real e, aliás, tendo em vista uma vida de admiração mútua entre Roberto Campos e Paulo Guedes, a proximidade, ou, pelo menos, o alinhamento intelectual, já vem embutida na herança genética do Roberto Campos Neto. Além disso, creio que os dois passaram simultaneamente pelo Banco Bozano, em determinado período.

Mas, em que pese o Posto Ipiranga, o superministério da economia e quaisquer outras tendências centralizadoras de Paulo Guedes e de Bolsonaro, tenho a certeza de que Paulo Guedes é muito firme em suas convicções, dentre as quais, a necessidade e conveniência de um banco central independente. Val ele, inclusive, além da defesa da tradicional autonomia operacional do banco central, para buscar também a independência formal do mesmo.

E independência do banco central é algo que decorre de institucionalidade, independendo totalmente de saber se o ministro da Fazenda, oops!, da Economia, conhece, ou não, se dá bem, ou não, com o presidente do Banco Central.

Do que tenho certeza é que Roberto Campos Neto, sem ter idade provecta, é, no entanto, um homem maduro, portador de excelente bagagem acadêmica (UCLA) e muita experiência de mercado financeiro (Bozano e mais do que uma década de Banco Santander). Que venha, então, o próximo presidente do banco central independente.

 

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