Bolsonaro está chamando você, cada um de vocês, para debater a famigerada “indústria das multas”.
Todo mundo em algum momento já pensou sobre isso. Estamos sendo garfados há anos por autoridades de trânsito que só pensam em faturar.
Como sempre, o presidente eleito trata o assunto de forma chocante, mas abre um importante debate, que o Congresso Nacional terá de fazer.
Vi jornalista como Ricardo Noblat, tentando falar em nome de todos nós e dizendo que todas as pessoas do Brasil são contra isso. Quanta pretensão!
Isto é o que faz Bolsonaro ser quem é. A visão dominadora do jornalismo faz a imprensa perder o ponto de contato com a sociedade.
Sou muito experiente e sei que o projeto das multas terá grandes mudanças na Câmara e no Senado.
Se as pessoas inteligentes não participarem do debate, poderão ser aprovadas barbaridades. Mas vamos assumir um pouco de humildade, reconhecendo que o povo precisa ser atendido nas suas necessidades.
Vinte pontos na carteira de motorista é uma meta dura demais para um país subdesenvolvido. Muita gente vive na ilegalidade ou sai do mercado (temos 13 milhões de desempregados). São as vítimas de pardais e barreiras eletrônicas irresponsáveis.
A situação é tão grave que os Detrans não têm capacidade para convocar todos os que ultrapassam o limite de 20 pontos.
Caminhoneiros veem, nas regras do trânsito, motivo para fazer outras paradas no Brasil.
Os aparelhos que multam são colocados maquiavelicamente para nos afanar.
Na principal avenida de São Sebastião (DF), há um pardal de 30km/h. É um crime contra os motoristas. Na menor distração, pegam seis pontos na carteira, a 34km/h. Nesse ponto da cidade a solução brasileira seria um quebra-molas, que faz o mesmo efeito e não multa.
Em diversas vias, temos reduções de tráfego mal sinalizadas.
Pergunto: quem nunca chegou num pardal e, por falta de sinalização, não conseguiu adivinhar a velocidade máxima?
Assim, como não conseguiremos conter o corporativismo dos Detrans na fome por multas, o jeito é flexibilizar.
Minha opinião está dada. Vou continuar defendendo isso.
Quem não argumentar bem talvez vire voto vencido no Congresso. E Bolsonaro não está nem aí para quem fala mal dele.
(RENATO RIELLA)
