Morfeu ensinava Física nos Maristas de Salvador. O pior professor do mundo!
Baixinho, gordinho, velhinho, bem carequinha, dava aula falando bem baixinho, arrastado, com uma batina cinza bem fechada – naquele calor da Bahia.
Os 30 alunos se viravam, mas a aula não entrava, não se engolia. Triste figura! Estranhamente, nas anotações oficiais, aparecia outro nome: Francisco.
Mas a gente, quando falava dele, só se referia a Morfeu. “Lá vem Morfeu, lá vai Morfeu”.
Um dia, lendo aqueles livros de Monteiro Lobato sobre mitologia grega, estava lá: Morfeu, o Deus dos Sonhos. Meu Deus, é isso! Agora entendi! Ele nos faz dormir…
Desculpe usar a pesada expressão, mas quase me mijei de rir. Que sacanas, esses meus colegas, que aplicaram um apelido erudito no estranho professor!
Hoje, décadas e décadas depois, sofro imaginando se ele tomou conhecimento do brilhante codinome oriundo da antiga Grécia.
E passei a ver as coisas de outra forma. Afinal, Morfeu era um professor dos céus!
Esses baianos são terríveis. (RENATO RIELLA)