RENATO RIELLA
Seria útil se esta nota do BLOG fosse impressa e entregue na ABIN, ou nas mãos da presidente Dilma e do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
A Jornada Mundial da Juventude, da Igreja Católica, a ser realizada no Rio na segunda quinzena de julho. pode se transformar em foco de protestos contra a situação social do Brasil e contra o modo como estão sendo feitos os preparativos da Copa do Mundo (sem transparência, nem a participação do povo).
É um estopim a ser aceso. Um barril de pólvora à espera do fósforo.
Para completar, receberemos um papa franciscano, Francisco, que tem discurso de combate às injustiças sociais e vai juntar dois milhões de jovens em pontos diferentes do Rio.
Pensando bem, se a presidente Dilma ouvir a ABIN em gabinete fechado, talvez valha a pena suspender essa Jornada. Mas é claro que isso não vai acontecer (ela não ouvirá a ABIN, nem cancelará a Jornada).
Para evitar problemas, o melhor remédio é um discurso preventivo. A presidente Dilma precisa ocupar espaço junto à sociedade vendendo melhor a sua visão de Brasil mais justo, socialmente mais aceitável, muito além das bolsas petistas.
Mas a assessoria da Dilma prefere expô-la em pronunciamentos oficiais, sisudos, sobre temas duros, muitas vezes econômicos. Ela pretende ser reeleita em 2014 e precisa se apresentar abertamente, falando à imprensa, discursando para grupos diversos, arriscando-se a tomar vaias democráticas.
Barack Obama (Lincoln também fazia assim) expõe-se em debate direto com o Congresso. Dilma Rousseff precisa assumir os grandes temas, como a reforma do ICMS, as novas regras do Fundo de Participação dos Estados e dos Royalties, etc. Ela precisa assumir a negociação relativa ao orçamento impositivo, que o Congresso está prestes a aprovar e que, logo depois, atingirá também os governadores.
Hoje, no Jornal de Brasília, o experiente deputado do Ceará Mauro Benevides mostra que não adianta orçamento impositivo num país onde os prefeitos não conseguem apresentar a tempo os projetos para acessar recursos autorizados – e pior, depois nem conseguem prestar contas do dinheiro recebido. Vale a pena incorporar essa argumentação do Benevides de cabeça branca.
O Brasil é um país complicado. Quem estiver na Presidência precisa convencer os diferentes grupos a todo momento, falando sem parar. Dilma tem de evoluir muito nessa área.