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ago 02 2013

AMARILDO, UM PEDREIRO, VAI PARAR O BRASIL

 RENATO RIELLA

O Brasil vai ser forçado a mudar – rápido, profundamente -, mas as chamadas autoridades ainda não se deram conta disso.

A maior prova, no momento, é o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, no dia 14 do mês passado, na favela da Rocinha, no Rio, provavelmente morto por policiais da própria Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) instalada nessa favela reocupada pelo Estado.

É incrível, mas ele foi chamado sem motivo para prestar depoimento na UPP e desapareceu. As duas câmeras desta Unidade foram desligadas (as demais câmeras da favela, não) e o GPS das viaturas, também. A UPP se desligou no dia em que Amarildo foi sumido.

Mesmo assim, as investigações tentam de toda forma poupar os policiais militares suspeitos, mesmo sabendo que um deles vivia ameaçando o pedreiro.

A família de Amarildo, na base do “quem-não-deve-não-teme”, recusa-se a sair da favela para obter proteção especial e está abrindo a boca em canais internacionais.

 

ACABOU SE TRANSFORMANDO

NO GRANDE TEMA DO BRASIL

Amarildo acabou se transformando no grande tema do país, nesta semana pós-Francisco. Ninguém se assuste se ele aparecer como destaque na capa da Veja, devendo ser destaque no Fantástico de domingo.

Manifestações em outros estados, inclusive em São Paulo, pedem que o governador Sérgio Cabral diga onde foi parar o pedreiro, embora a família diga abertamente que Amarildo foi morto e peça que devolvam seu corpo.

É um problema grave. Autoridades federais e petistas tentam jogar a culpa no governo do Rio, mas o problema é nacional, não somente pela repercussão que terá cada vez mais no mundo, mas porque despertará protestos em todas as capitais.

No dia 14, quando se completará um mês do desaparecimento, deverá haver manifestações em todo canto pedindo que se esclareça esse caso. Gente que foi às ruas nas diversas cidades brasileiras vai aproveitar a data para protestar contra a Polícia Militar, que virou símbolo de repressão nas capitais, de Norte a Sul.

Uma investigação séria já teria levantado alguma tese para o Caso Amarildo, mas existe claramente um corporativismo protegendo policiais que foram afastados da UPP e que, em algum momento, deverão dar conta do pedreiro.

Com tantas questões estruturais a se discutir, o Brasil está enredado num caso isolado, dramático, mas individual. Já que os governos não conseguem dar resposta a nada (educação, saúde, transporte, etc), pelo menos que responsam: onde jogaram o cadáver do pedreiro?

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