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out 17 2015

VOCÊ SOFRE PRECONCEITO? SIM, NOS PRIMEIROS TRÊS MINUTOS

RENATO RIELLA

Compartilhei, no Facebook, o clássico filme Ao Mestre com Carinho 2 (está disponível na página Renato Riella do Face).

Revi o filme e me impressionou uma cena. No filme, o negro elegantérrimo Sidney Poitier é professor de uma escola em Chicago, numa turma formada por 20 rapazes e moças marginais.

Ensinando História, o Mestre ouve dos alunos a queixa de que a sociedade rejeita eles. O professor Sidney resolve, então, dar uma lição de campo.

Leva os 20 marginais para o centro da cidade. Escolhe um deles, branco, e manda que vá pedir informação a uma velhota branca, que está parada num ponto de ônibus. A mulher, temendo ser assaltada, dá um pulo e foge apavorada.

Na sequência, o professor chama de lado um negro de cabelo desgrenhado, vestido de forma arrojada, e ensina a ele como abordar alguém na rua.

Humildemente, com aproximação correta, o rapaz é tratado com respeito e até com carinho por outra mulher desconhecida, no mesmo ponto de ônibus. A experiência, repetida com outros alunos e alunas, tem sempre o mesmo resultado positivo, mostrando que o marginal, basicamente, se marginaliza.

 

O OUTRO PODE NÃO SER NOSSO “ADVERSÁRIO”

 

Fiquei horas pensando neste filme. De repente, lembrei de uma história pessoal, de nível bastante diferente – é claro!

Estávamos eu e minha mulher, Márcia, num guichê da Air France, em Paris, para remanejar nossas passagens aéreas. Uma francesa meio coroa, com cabelo louro de franjinha (até meio bonita), atendia mal aos passageiros e tratou como cachorros os três clientes antes de nós.

Nunca vi tanta má vontade, grosseria e desumanidade. No fim, saía todo mundo meio quebrado, com solução ou não para seus problemas.

Na nossa hora, espertalhona, Márcia me comunicou que ia ao banheiro. Me deixou sozinho para enfrentar a fera.

Fui então chamado. Respirei profundamente, sentei com a coluna ereta, olhei forte nos olhos da francesona e disse rindo suavemente, em tom de falsa humildade:

-Sinto muito, não entendo nada de passagem aérea e preciso da sua ajuda.

Ela parou um pouco, preparando o bote, mas não teve coragem. Fui explicando o problema, sempre afirmando que precisava de socorro. No final, saímos quase amigos.

Voltando assustada, Márcia observou de longe nossa conversa amistosa e nem acreditou. Só perguntou:

-O que você fez com esta mulher?

Segredo!!!!!………

O segredo é abordar sem medo, de igual para igual, sem amedrontar o “adversário”.

 

O PRECONCEITO É PRODUZIDO DENTRO DA GENTE

 

Tempos depois, tive outra lição. Desta vez, do meu filho Gil. Ele tem mais de 40 anos e parece ter menos de 30. Usa cabelo no estilo Jesus Cristo, é absurdamente queimado de sol (joga futebol e tênis bastante) e se veste como entregador de pizza.

No entanto, é PhD. Freqüenta ambientes científicos sisudos no mundo inteiro.

Conversando com ele, minha mulher, Márcia, bastante conservadora no seu nível de Classe AA, perguntou:

-Gil, você não sofre preconceito por aí, no mundo todo por onde você passa?

Sorrindo com jeito humilde, Gil Riella deu resposta que representa uma lição para mim (refletindo meu modo de ser, também):

-Preconceito? Nos primeiros três minutos, só nos primeiros minutos, mesmo!

O preconceito, quem sabe, é uma célula produzida dentro da gente. Pense nisso!

 

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