Em meio a toda essa incerteza política brasileira, um nome estratégico circula nas sombras, gerando noticiário controvertido.
Trata-se do senador tucano José Serra, que já foi candidato a presidente da República e mantém base eleitoral em São Paulo.
Em 20 de junho do ano passado, antecipei em primeira mão que o PMDB estava preparando Serra para ser candidato a presidente da República, o que levaria este senador a abandonar seu partido histórico, o PSDB.
Ao longo dos meses, a notícia foi confirmada pelos principais analistas políticos. No entanto, o quadro está mudando e Serra passa a ser fator de discussão à margem do debate sobre o impeachment.
Na verdade, posso antecipar que o PMDB tende a perder este possível candidato. Isto é: o PSD, de Gilberto Kassab (ainda ministro das Cidades), está trabalhando para roubar o tucano José Serra, o que pode ser grande surpresa política nos próximos meses.
Vinha sendo dito que Serra seria homem forte do provável governo de Michel Temer, depois que o impeachment da presidente Dilma Rousseff passasse no Congresso.
Vimos que, ontem, ele se encontrou com o vice-presidente da República, Michel Temer, e depois disso houve desencontros públicos entre os dois.
Temer foi obrigado a negar, por meio de nota, que esteja discutindo cenários políticos futuros com aliados. Temer também disse que “não tem porta-voz” e que, se precisar anunciar algo publicamente, o fará sem auxílio de terceiros.
Isso porque, em entrevista publicada pelo Estadão, José Serra falou sobre um possível governo de Michel Temer e disse que, caso o vice assuma a Presidência da República, deverá formar um governo de união e de reconstrução nacional.
Na verdade, o que mais chocou foi ver Serra dizer que Temer assumiria o compromisso de não disputar a reeleição em 2018.
Por trás de tudo está a ligação de Serra com Kassab, do PSB, mas também a questão da eleição de prefeito em São Paulo.
Serra não aceitará apoiar a peemedebista Marta Suplicy, pois tem compromisso de origem com Andrea Matarazzo, que era do PSDB e está migrando para o PSD, onde poderá se candidato à Prefeitura.
Pelo visto, o impeachment não é o único assunto dos políticos. Por trás, há outros interesses, como a eleição municipal e a formação de um futuro governo Temer. (RENATO RIELLA)