LAUDELINO JOSÉ SARDÁ
Vamos torcer para que em um dia, não tão distante, o ser humano pare de rir sozinho e queira transformar o seu sorriso em uma felicidade verdadeira, dividindo-a com outros.
O que os donos de postos de combustíveis fazem, formigando o peito, arregalando os olhos, friccionando os lábios e visualizando altos lucros, é uma cegueira social. Danem-se os que vivem em sua cidade.
Eles estão sorrindo sozinho e não se envergonharão ao precisar amanhã olhar seus clientes, as pessoas que vão odiar seus barretes, que escondem seu egoísmo, ganância e, sobretudo, a insensatez, o irracional.
Precisaria documentar a face de um dono de posto, diante de dezenas de motoristas coagidos a pagar quase o dobro do preço do combustível. Com certeza, ele não se sente enodoado, porque só a avidez e a usura formatam o seu pensamento. Quem sabe nem ao posto ele aparece, temendo apupos e reações faciais de protesto. Ele está preferindo rir à toa em casa.
Não há espaço na mente dos donos de posto e do seu sindicato infame para a solidariedade com um povo que está pagando por uma greve que, paradoxalmente, é justa, porque está freando a abusividade de um governo encolhido no Palácio do Planalto.
O resultado desta greve deve ajudar os postos a vender mais combustíveis.
Os donos de postos comprovam que o problema do Brasil enfermo é justamente a escassez da ética e da essência humana, tão escassos quanto o combustível que abastece seu egocentrismo e cegueira.