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out 15 2016

ACREDITE! TENHO UM ANJO DA GUARDA FRANCÊS, QUE JÁ ME SALVOU ALGUMAS VEZES

Deus colocou na Terra um anjo da guarda enorme, francês, com quem só falei algumas vezes na vida, mas que me moldou e remoldou. Me salvou!

No Dia do Professor, falo do Irmão Martin Dubois, que foi meu orientador psicológico na década de 60, nos Maristas de Salvador.

Não sei explicar bem, mas nasci com algum traço forte de dislexia, que me torna diferente em diversos momentos.

Por exemplo: é péssimo o meu sentido de orientação. Erro sempre o caminho de volta. Me perco ao tentar sair de uma superquadra de Brasília. Em compensação, tenho aptidões extraordinárias, que me surpreendem – e que não vale explicar aqui.

O certo é que nasci com defeito de fala, fator de grande complexo na infância. Aos 12 anos, nos Maristas, Irmão Dubois pediu autorização a minha mãe Cecília, pois podia me curar.

Cecília disse: “Fale com ele. Veja se concorda”.

Não podia discordar, O cara tinha mais de 50 anos, quase 1,90m de altura, irmão marista respeitado, francês, reconhecido como um dos maiores psicólogos do mundo, recém-chegado de Paris.
Isto é: caiu do céu para tratar uma complicada criança baiana.

Fizemos mais de cinco sessões. Sentado num banquinho sem encosto, passei por hipnotismo, numa modalidade chamada de letargia.

Irmão Dubois friccionava um ponto nas minhas costas e um ponto no meu peito, emitindo palavras de ordem.

Semiconsciente, passei a repetir palavras que antes pronunciava errado. Isto é: ele gravou, num gravador enorme, minha fala correta, que quando me foi apresentada gerou verdadeiro choque na minha cabeça.

Deu noções de fonoaudiologia e me curou para sempre. Sumiu o complexo e passei a falar, falar, falar, até cansar todo mundo.

 

PIONEIRO EM AULAS DE SEXO
Outra lembrança boa de Dubois: na década de 60, ele entrava nas salas de aula e dava noções de sexo. Tranquilizou toda uma turma de rapazes, explicando que o instinto nos levaria a fazer as coisas de forma correta no ato sexual, quando chegasse a hora. E todos nós acreditamos nele, sem precisar mostrar desenhos, etc.

Quando fui fazer vestibular de Arquitetura estava muito vagabundo. Só jogava bola. Ele disse a minha mãe que meu desempenho seria ótimo. Resultado: passei em sexto lugar.

Anjo da guarda total, tomando conta de mim quase sem me ver.

Já universitário e jornalista, sofri grave acidente. Fiquei alguns dias em estado de choque, sem tomar banho, comendo a pulso.

De repente, num quarto lá de casa, Irmão Martin Dubois sentou-se do meu lado esquerdo. Segurou minha mão e começou a falar, num tom inesquecível, repetindo sempre alguns conceitos.

Explicou o que me aconteceu, como eu estava, como deveria estar dentro de uma semana, depois dentro de um mês; como eu ficaria dentro de um ano; e como eu seria um ser humano diferente, pra sempre.

 

REPORTAGEM COM FAMOSO PSICÓLOGO
Voltei a trabalhar em jornal, modificado e forte. Deixei crescer barba e cabelo, para chocar, e mergulhei nas pautas mais perigosas e fortes.

Descobri, então, que Irmão Martin Dubois era um dos psicólogos pioneiros no mundo em Psicologia de Trânsito. Devolvi todas as atenções que me deu, ao longo da vida, fazendo uma página de reportagem com ele. Enalteci o sábio que veio de Paris.

Dubois me disse, na entrevista, que tinha uma grande paixão: a moto importada de grande porte, que usava nos fins de semana nas estradas de Salvador (talvez uma Harley!)

Meses depois da minha reportagem, o genial francês Martin Dubois perdeu o controle da sua paixão de duas rodas e morreu.

Ficou essa perplexidade em mim: por que Deus colocou na Terra um cara pra ter tanta influência na minha vida?

E assim, nas minhas rezas, há sempre um lugar para lembrar de Martin Dubois, que deve estar muito bem lá em cima e – quem sabe? – pode querer me ajudar mais algumas vezes…

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