RENATO RIELLA
Você já previu alguma catástrofe? Da minha parte, já previ uma, monumental, que esperei durante décadas.
Trata-se do tsunami de 2004, que atingiu 13 países na Ásia e matou quase 300 mil pessoas.
Conheci este tema quando era criança, na Bahia. Li ampla matéria, na revista Seleções, sobre um tsunami numa ilha japonesa, em que pessoas se salvaram subindo num morro, de onde viram toda a devastação.
Desde então, incorporei a palavra tsunami ao meu vocabulário e passei a sonhar, dormindo, com essa tragédia marítima.
Todo ano tinha algumas noites de tsunami, com poses variadas. Detalhe: sempre me salvava (não se morre em sonho) e ficava vendo do alto a invasão das águas.
Passei muitas férias em praias e observava as ondas à noite, tentando imaginar como seria um tsunami.
Em 2004, ia com a família passar férias em Natal. Dias antes, falei para minha mulher, Márcia, que todas as vezes em que ia ver o mar lembrava dos sonhos de tsunami. Tinha a intuição de que o mundo viveria uma grande – muito grande – invasão pelo mar.
De repente, na véspera da viagem, vi na Internet as cenas dos meus sonhos de mais de 40 anos. Igualzinhas! Era o tsunami da Tailândia, transmitido quase ao vivo.
Hoje, vendo cenas do tsunami do Japão, percebo que não têm nada a ver com os meus pesadelos. Nos meus sonhos, não tinha aqueles carros boiando, etc.
Assisti o filme “O Impossível”, sobre o tsunami da Tailândia, e revi meus pesadelos na tela do cinema.
Digo revi porque, desde as primeiras imagens vistas por mim em 2004, nunca mais sofri com os pesadelos de tsunami.
Fui curado pela realidade.
