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set 15 2018

ARTIGO: Novidades

ANDRÉ GUSTAVO STUMPF, jornalista

Coisas estranhas têm acontecido no Brasil e no exterior. Sinal de que o século 21 está finalmente se estabelecendo no horizonte de nossas vidas.

O ministro Dias Toffoli assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal com apenas cinquenta anos. Fez toda sua carreira como assessor do PT, desde o início de seu exercício profissional quando auxiliou a CUT até assumir a subchefia de assuntos da Casa Civil, na Presidência da República, sob o comando de José Dirceu.

Chegou ao ponto máximo de sua carreira nesta semana. Um de seus primeiros atos foi convidar o general da reserva Fernando de Azevedo e Silva, quatro estrelas, para trabalhar na sua assessoria. Os militares desembarcam no templo sagrado do sistema jurídico nacional. Novidade.

Em outro setor, longe do país, o Papa Francisco convoca bispos de todo o planeta para reunião em Roma, em fevereiro próximo, para estudar, aprofundar e discutir o seríssimo problema da pedofilia e violência sexual dentro de instituições católicas em vários pontos do mundo.

Sua Santidade está sob severa pressão dos conservadores, que não desejam apurar nada.

Ao que parece, o Santo Padre quer recuperar seu prestígio junto a seus liderados. A Igreja Católica, que mede o tempo por séculos, pode estar perto de uma divisão. As consequências serão profundas em todos os recantos do mundo, inclusive aqui. Suspense.

Russos e chineses organizam, junto com tropas da Mongólia, o maior exercício militar desde o fim da guerra fria. São mais de 300 mil soldados, 32 mil blindados, mil aviões, oitenta navios, mísseis de longo alcance com capacidade nuclear, jatos moderníssimos e um aparato moderno e eficiente de comunicações.

Pela primeira vez, em muitos anos, russos e chineses estão do mesmo lado. Esqueceram rivalidades antigas.

Putin e Xi Jinping se encontraram recentemente em Vladivostok e trocaram gentilezas. Estão dando um recado para Donald Trump. A aliança entre os dois modifica a correlação de forças no Pacífico e pressiona a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Assusta europeus e coloca norte-americanos de sobreaviso. Isso também é novidade.

Os brasileiros gostam do improviso. Aqui havia um candidato na prisão e outro no hospital.

Haddad substituiu Lula e a campanha, afinal, começou. Porém, Bolsonaro não está em condições físicas de falar em público nem se submeter à pesada agenda de candidato. Precisa descansar. Luta pela sua vida.

A campanha, no sentido da participação pessoal dele, acabou. Nem no segundo turno ele estará de volta. Este é o novo retrato da situação. Um candidato que representa outro – não tem personalidade própria nem projeto de governo – e um que tem projeto de governo, mas não pode apresenta-lo por restrições de natureza pessoal. Está na unidade tratamento intensivo de um hospital na cidade de São Paulo.

Entre estes opostos a campanha evolui. Não se conhece a capacidade de transferência de votos de Lula para Haddad. Não se conhece a capacidade de ganhar votos de um candidato que está numa cama de hospital. E não se conhece a possibilidade de crescimento dos três que lhes são próximos.

Marina Silva anda caindo pelas tabelas.

Ciro Gomes tenta a conciliação, mas volta e meia derrapa e dispara um ataque.

Geraldo Alckmin, o preferido pelo mercado financeiro, quer partir para cima de seus oponentes. Se conseguir tirar votos de Meirelles e Álvaro Dias subirá significativamente nas pesquisas.

Nos estados, a confusão é maior. Alguns dos candidatos a governo estavam comprometidos em apoiar Lula, mas não tinham nenhum acordo para apoiar Haddad.

No Ceará, por exemplo, a tendência é que os antigos votos do PT caminhem na direção do apoio a Ciro Gomes.

Em cada estado a situação será diferente. Ninguém mais fala de golpe. O PT se coligou aos partidos que se uniram para tirar Dilma Rousseff do Palácio do Planalto. Aliás, a ex-presidente, que continua a escorregar nos seus pronunciamentos, lidera com folga a disputa pelo Senado em Minas Gerais. Minas, não há mais. Novidade.

Esquerda – O formidável exercício militar que a Rússia está realizando, junto com a China, constitui oportuno retrato da esquerda no mundo. Os russos que são herdeiros da União Soviética se adaptaram ao capitalismo, mas não perderam a pose. Continuam imperiais.

Os chineses, que comandam a segunda maior economia do mundo, defendem o livre comércio, criticam o protecionismo, são comunistas. Eles criticam o nacionalismo de Donald Trump. É bom prestar atenção. As referências mudaram de lado. Novidade.

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