ADELMIR SANTANA
O Distrito Federal recebe, diariamente, 700 mil pessoas vindas do Entorno em busca de trabalho e educação. A maioria desse contingente tem como destino o Plano Piloto e é absorvida pelos setores de comércio e serviços. Esses cidadãos são quase que obrigados a virem para Brasília, pois não encontram emprego nas suas cidades. O deslocamento para a capital é feito por meio de ônibus lotados, lentos e caindo aos pedaços. E como se não fosse o bastante, desde o dia 19 deste mês, a passagem está 18,39% mais cara. Em alguns municípios, como no caso de Planaltina de Goiás, o bilhete para o DF custará R$ 5,55. Um absurdo.
Mais uma vez, a conta será paga pelo trabalhador, pelo empresário e por todos os contribuintes. O funcionário não terá como arcar com esse custo elevado e o empregador será obrigado a cortar para contemplar o aumento. O resultado dessa medida se traduzirá em desemprego e em mercadorias mais caras. Mesmo que muitos não assumam, vagas de trabalho poderão vir a ser decididas com base na cidade dos concorrentes – critério nada justo e discriminatório.
Chegamos em um ponto em que as injustiças cometidas contra o Entorno deixaram de ser culpa do descaso. Arriscaria dizer que também é culpa de uma improbidade administrativa praticada há anos. A população não pode mais ficar refém disso. As soluções existem: os governos podem criar novas fontes de financiamento do transporte, investir na locomoção sobre trilhos, desonerar o imposto sobre combustíveis, gerar emprego nas cidades e definir responsabilidades. Sempre defendi a criação, legal, da Região Metropolitana de Brasília, que hoje existe de fato, mas não de direito. Uma vez instituída, essa região englobaria alguns municípios do Entorno e receberia recursos do Governo Federal para áreas como transporte. Sua gestão passaria a ser compartilhada por DF e Goiás. Mas enquanto as autoridades não assumirem o Entorno, a sua população continuará abandonada. Uma triste realidade.