RUY FABIANO
As pesquisas Ibope e Datafolha, publicadas esta semana, conferindo a Lula liderança folgada na corrida presidencial (de que não participará), contrastam com os dados objetivos da realidade política recente, de que o ex-presidente foi protagonista.
À parte as reiteradas manifestações de hostilidade em locais públicos, antes de sua prisão – e o fiasco de público de suas caravanas ao Nordeste e ao Sul do país -, basta recapitular os insucessos eleitorais, desde 2016, dos que buscaram seu apoio.
Nas eleições municipais, Lula não conseguiu eleger como vereador seu enteado, Marcos Cláudio, em São Bernardo do Campo, cidade em que está radicado há meio século. Perdeu em casa. E não apenas: o PT perdeu em todas as capitais, exceto Rio Branco, Acre, não obstante seu empenho pessoal em cabalar votos.
Em agosto do ano passado, apoiou, em eleição suplementar, o candidato a prefeito Jaílson Sousa, no município de Miguel Leão, no Piauí. Foi derrotado. O mito de invencibilidade no Nordeste caiu.
E em junho deste ano, ao apoiar, também em eleição suplementar, a senadora Kátia Abreu para governadora do Tocantins, acabou por derrotá-la. Kátia Abreu era a favorita; o apoio de Lula, manifestado na véspera do pleito, empurrou-a para o quarto lugar.
Não se esgotam aí os casos, mas esses já são suficientes para demonstrar a improcedência daquelas duas pesquisas.
A média histórica do PT, mesmo no auge de seu prestígio, era de 30%. Por isso, jamais venceu uma eleição presidencial em primeiro turno – e perdeu duas nessa condição para FHC.
Seria no mínimo estranho que, justamente agora, quando o partido vive o seu ocaso e seu líder está preso, aquela média fosse rompida. O Ibope atribuiu a Lula 37% e o Datafolha 39%. Considerando-se o universo dos que já optaram – mais de 30% ainda estão indecisos -, Lula venceria no primeiro turno. Fake total.
Visto isso, resta saber o que se pretende com essa farsa estatística, a que se somam outras. O jurista Modesto Carvalhosa impugnou Lula no TSE, sob acusação de falsidade ideológica. Lula omitiu, no pedido que encaminhou, sua condenação no TRF-4, apresentando certidões criminais (‘nada consta’) de São Paulo.
Ou seja, ao tentar esconder os crimes pelos quais está condenado – e preso -, cometeu outro. É claro que os advogados do PT não ignoram isso. Por que então desafiam a lei?
Porque o objetivo é exatamente este: tumultuar o processo eleitoral, confundir a massa de eleitores desinformados (a maioria) e fazer constar nas urnas o nome, mesmo impugnado, de Lula, de modo a eleger o poste do momento, Fernando Haddad. De quebra, deixar a Justiça Eleitoral numa saia justa e judicializar a campanha.
Não tendo candidato competitivo, a saída é bagunçar o coreto, consolidar a narrativa de fraude e fragilizar quem vier a ser eleito, pondo-o antecipadamente sob suspeita. Ou seja, continuar sendo o PT de sempre. Só um golpe judicial avalizaria a candidatura Lula.