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abr 12 2015

AS MANIFESTAÇÕES FICARAM MENORES, MAS NÃO SÃO UM FRACASSO

RENATO RIELLA

Na quinta-feira passada, escrevi: “A passeata do dia 12, no domingo próximo, pode ser um fracasso”.

Expliquei: “Não há o que se pedir. Tentei escrever uma faixa ou um cartaz, mas não tinha o que dizer”.

Acabei não indo à passeata de hoje. No dia 15 de março, compareci  à manifestação aqui de Brasília. Neste domingo, dia 12, preferi ficar observando o quadro nacional pela GloboNews, que está fazendo uma cobertura completa e correta.

É gritante a queda de público em relação a 15 de março, em praticamente todas as cidades, mas corrijo minha opinião: não se trata de um fracasso.

O governo e o Palácio do Planalto vão comemorar, pensando que a mobilização popular está morrendo. Mas, na verdade, ficou viva a chama.

Vi na GloboNews a comentarista Cristiana Lobo, num enfoque errado, tentar atribuir a insatisfação aos problemas econômicos.

É claro que as famílias sentem o aumento dos preços e a perspectiva de desemprego, mas a revolta tem como principal combustível o noticiário diário sobre a corrupção.

Hoje temos a certeza de que o Brasil seria um país rico se não roubassem tanto, em quase todas as áreas públicas. E, nesse ponto, a culpa é atribuída ao PT.

Como se diz, roubaram até nas hóstias, na recente visita do Papa Francisco.

Infelizmente, as manifestações realmente atraem somente a chamada “elite branca”.

Fiquei estarrecido de ver que, no Rio de Janeiro, mais de 99% dos participantes da passeata são brancos. Negro mesmo, o chamado crioulo, vi passar um vendedor de água sem camisa e um fotógrafo, de colete marrom.

Em Brasília, nem se fala. A Esplanada está dominada pela classe média alta, como se a imensa população pobre  e negra do DF estivesse satisfeita com a vida (e, na verdade, este pessoal está também com ódio diante do que vê na TV todo dia).

As entidades que convocam as manifestações são desconhecidas. Pretensas lideranças que convocam os protestos pelas redes sociais são desconhecidas – e talvez suspeitas.

Uma coisa interessante é ver que, em todo o País, os brasileiros aprenderam a escrever corretamente a palavra IMPEACHMENT, o que é algo milagroso.

Brincadeiras à parte, as faixas pedem impeachment, fim da corrupção, intervenção militar, além de reivindicações de classe diversas.

O que fica de positivo é a certeza de que, quando houver necessidade de focar numa manifestação, os brasileiros estarão aptos a ir para a rua.

No momento, não sabemos ainda o que queremos, pois a saída da presidente Dilma Rousseff entregaria o Brasil ao PMDB, o que pode ser muito pior.

Por enquanto, estamos sem saída – mas temos de acreditar que Deus ainda é brasileiro.

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