RENATO RIELLA
Um canal de TV europeu me pediu que indicasse dez brasileiros influentes, com perfil de líder, aos quais seriam feitas perguntas penetrantes sobre o apagão moral brasileiro.
Dei uma risadinha, falei que era tarefa difícil e fui pra casa, estudar o desafio. Depois de três dias, apresentei a resposta: não há ninguém habilitado neste momento, dentro do perfil exigido.
Existe até gente inteligente e confiável, mas sem a necessária projeção nacional.
Para chegar a essa conclusão, fiz trabalho organizado de algumas horas, com ajuda do Google. Falei também com alguns amigos inteligentes e bem intencionados.
Conclusão: não há nenhum ministro do Supremo Tribunal Federal confiável, apto a falar em nome dos brasileiros. Joaquim Barbosa, ex-ministro, seria uma opção fácil, se não tivesse fugido do combate, renunciando ao cargo de forma inexplicável. Fugiu da raia!
Não citem o juiz Sérgio Moro, a última esperança, pois ele está fixado na imensa tarefa que caiu nas suas mãos. Não seria opção disponível para analisar politicamente o Brasil de hoje.
Continuando, verifiquei que, no Congresso Nacional, fora dos 300 picaretas de sempre, não há nenhum nome que o povo brasileiro aceite como líder. Você daria um cheque em branco a qualquer deputado ou senador?
Pensei até no Reguffe, talvez o único confiável, mas este é um senador com o mesmo perfil de deputado distrital de sempre. Só sabe enxugar gabinete!
Não analisei os partidos. Como sabemos, entre os 30 nacionais, não se salva nenhum.
A OAB virou OABosta. A CNBB virou CNBostaBosta. E os padres famosos são meros cantores.
As centrais sindicais ficaram mais pelegas do que as confederações anteriores.
Não há um médico de renome e de liderança, nem um historiador aceito pelo povo como um sábio. Não temos escritores brasileiros vivos reconhecidos pela população.
Jornalista não dá. Cada um puxa para o seu próprio ego.
Esportistas: Pelé, Romário?
Cantores: Chico, Gil, Caetano?
O Brasil virou um Saara moral.
Sobra o quê?
Nos últimos anos, o Brasil tinha apenas uma unanimidade: Fernanda Montenegro. Mas, comprada pela Globo, ela agora é confundida com os ativistas gays, aos 85 anos. Perdeu credibilidade para dar um basta em nosso nome.
E assim, ferrou!
Diante disso, perdi a chance de ganhar alguns dólares. Desisti da consultoria, informando isso à embaixada que me consultou em nome da TV europeia.
O Brasil está igual àquela foto repetitiva da Lagoa Rodrigo de Peixes, quando morrem todos os peixes. Somos cadáveres boiando na água.
Será que nascerá algo de bom no fundo da Lagoa?
