RENATO RIELLA
Passou o Dia da Mulher e já podemos discutir assuntos desagradáveis sobre o sexo feminino.
No ano passado, soltei texto lamentando que todas (todas, mesmo) as mulheres que assumiram cargos públicos no Brasil haviam fracassado.
Naquela época, Dilma havia desmoronado e Carmen Lúcia estava em péssimo estado.
Em 2018, a situação não está muito melhor, mas pelo menos Carmen Lúcia despertou. Parece que ela finalmente se transformou numa trincheira de fè no Supremo Tribunal Federal.
E apareceu Raquel Dodge, na Procuradoria Geral da República. Devemos reconhecer que vem surpreendendo. Não se comprometeu, como alguns imaginavam.
Mas, na sucessão presidencial, podemos lamentar a certeza de que nenhuma mulher será eleita. E, nos governos estaduais, as opções são péssimas.
Marina já foi uma esperança, mas hoje é apenas uma brincadeira silvestre).
Fico feliz de ver que, no Lava-Jato e no Mensalão, os criminosos permanecem sendo quase que somente homens (Dizem que o nome de Dilma vem por aí).
Não dá para dizer que as mulheres têm poucas opções na nossa sociedade atual. Os negros, por exemplo, enfrentam barreiras muito mais difíceis de superar e ocuparam até hoje pouquíssimas posições expressivas.
Reconheço que, em todo o Brasil, a mulher é forte em diversas áreas de produção e trabalho. Domina muitas redações, cresce em setores como tecnologia, direito e administração, é respeitada nos meios acadêmicos e sindicais, etc.
Graças a isso, conseguiu a Presidência da República, a presidência em diversos tribunais e venceu diversas eleições de governadora e prefeita, fracassando em praticamente todas as tentativas anteriores.
Ocupou também os principais cargos em estatais poderosas (Petrobras, Serpro), e já foi até ministra duríssima da Fazenda – mas sempre naufragou.
Não me venham falar da queridinha de todos, Maria Sílvia, que teve passagem desastrosa pelo BNDES, cercada de bilhões mal explicados e guardados em caixas-pretas até hoje. Ela, tal qual aquela horrorozinha da Petrobras, teve a missão de esconder os escândalos.
COTA ELEITORAL FEMININA
Creio que ninguém tem resposta clara para esta perplexidade. As cidadãs brasileiras não podem se queixar tanto de barreiras. Até são beneficiadas com cota eleitoral.
Isso mesmo! Existe uma lei federal bem feita, que obriga cada partido a ter um contingente feminino de 30% entre os seus candidatos, em cada eleição.
Portanto, compulsoriamente, milhares de mulheres estarão disputando voto este ano, nos mais diversos cargos. Precisamos rezar para que essas mulheres candidatas sejam melhores do que as anteriores, que tiveram chances valiosas, porém desperdiçadas.
Vai aparecer muita gente dizendo que existe exceção. Pesquisei com a maior boa vontade e não encontrei. Pode haver alguma deputada de melhor nível ou alguma secretária de Estado, mas as mulheres famosas, todas, naufragaram.
Foram derrotadas por um misto de incompetência, trapalhadas e desonestidade.
Imagine quanta porrada vou tomar por puxar assunto tão desagradável. Mas sou quebrador de tabus. É preciso evoluir! Se pudesse, votaria em Ivete Sangalo para presidente. Axé, Bahia!
Mas sei que não existe assunto proibido. Se a gente não discutir, nunca chegaremos a lugar nenhum.
Em 2018, farei muita força para votar em mulheres. Mas me ofereçam opões razoáveis. Por favor, me devolvam a esperança no público feminino.
