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nov 20 2016

AS PESSOAS QUE PASSAM PELA VIDA DEIXAM MARCAS NA SUA (E NA MINHA) ALMA

Ao longo da vida, muita gente nos deixa registros graves na memória e na alma. Mas hoje vamos nos lembrar somente dos registros úteis, os mais marcantes – até divertidos.

Algumas lembranças podem ser bobas. É o caso do que aprendi com minha Tia Aurora, a santinha da Bahia.

Um dia, Aurorinha disse que ia tomar banho para cortar as unhas do pé. Achei que era maluquice. Humilde, com calma, ela explicou que as unhas amolecem na água quentinha…e podem ser cortadas facilmente. Uso sempre este ensinamento sanitário, pensando na tia santinha.

Meu filho Gil me ensinou a mastigar os caroços da melancia. Ótimo para a saúde.

Aprendi com minha neta Cecilinha (8) a usar o canudinho distribuído nos restaurantes. Ela puxa com os dentes. Fiquei tentando com os dedos abrir aquele plástico…e nada. Cecilinha ri de mim, com pena do velhinho.

Meu dentista Hamilton França um dia me orientou para tomar café sem açúcar, pois isso evita tártaro nos dentes. Aprendi esta prática e já ensinei a muita gente, citando sempre o grande Hamilton.

Meu pai, Agenor, me ensinou a usar maior quantidade de creme de cabelo nos lados da cabeça, deixando os fios altos mais soltos. “Afina o rosto”, disse ele. E todo dia, ao pentear o cabelo, dou risada, lembrando do fantástico Agenor.

Um amigo antigo, que não vejo há muito tempo, é Randal Junqueira. Graças a ele, em 30 anos, economizei 100 mil minutos da minha vida (dez minutos por dia). Sabem porque? Randal me ensinou a usar barbeador elétrico, eliminando aquela prática medieval de fazer barba com sabão. Obrigadão!

Trabalhei seis anos com Sergio Koffes. Ele, presidente da Fecomércio-DF; eu, contratado como diretor-executivo. Nas primeiras semanas de convivência, Sergio sempre chegava adiantado aos compromissos – antes de mim. Graças a ele, hoje, sempre chego adiantado em qualquer lugar. Me disciplinei!

Paulo Moura, dono da CDS Tecnologia, era quase um garoto quando me ensinou, há quase 20 anos, que o Google é muito mais do que um dicionário eletrônico. Graças a isso minha vida melhorou mil vezes. Lembro da paciência dele explicando a novidade a um cara 25 anos mais velho…

Todas essas pessoas são lembradas por mim constantemente, quando pratico os ensinamentos de grande utilidade.

É o caso de Valéria de Velasco, com quem trabalhei cinco anos, na década de 70. Aprendi com Valéria que a delicadeza faz parte da alma humana. Todos devem ser tratados com respeito, carinho e até amor, mas principalmente com muita paciência. O modo de ser especial da Valéria me remoldou. Tenho muita saudade dela, a quem encontro raramente – sempre humaníssima.

Há situações mais graves. Já disse aqui que o psicólogo francês Martin Dubois, meu professor nos Maristas de Salvador, nos deu uma aula de orientação sexual que tranqüilizou toda uma turma de adolescentes totalmente desinformados. Isso na década de 60!

Ele nos mostrou que o sexo é natural, como respirar ou beber água, e a gente já nasce sabendo. “Não tenham ansiedade. Na hora exata vocês saberão o que fazer”. Depois disso, atravessei uma adolescência tranqüila, sem medo do desconhecido.

E destaco sempre o meu primeiro chefe de reportagem, o baiano Antônio Lins, com quem aprendi a maior lição da vida: “Pergunte sempre. Vergonha não é desconhecer. Vergonha é deixar de perguntar. Faça a pergunta mais óbvia, mas faça, para não levar a informação errada”.

Assim me moldei. Milhares de outras pessoas injetaram conceitos na minha vida, mas os que me lembro agora são estes.

E você, quem deixou marca profunda nas suas lembranças úteis e até engraçadas?

No caso das lembranças amargas, sou protegido pela minha dislexia salvadora, que me permite apagá-las. Você também pode desenvolver uma dislexia tão fantástica quanto a minha.

Essa dislexia, por exemplo, me permite esquecer sempre as regras inúteis da etiqueta. Pensando bem, para que serve lembrar se o garfo fica na direita ou a faca à esquerda (ou o contrário).

Xô, inutilidades! (RENATO RIELLA)

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